A proliferação dos chatbots, sistemas robotizados que tiram dúvidas e atendem consumidores dos sites de lojas e grandes empresas, é um dos sinais de que a inteligência artificial já provoca mudanças no mercado de trabalho. Essas ferramentas dispensam numerosa mão de obra nos call centers. Tal inovação é importante para a eficiência das empresas e essencial para os negócios de menor porte.
É o caso de quem tem comércio on-line e por uma assinatura mensal até modesta pode dispor de teleatendimento virtual. O resultado disso é o fechamento de empregos, inclusive na Baixada Santista, em um setor de baixa capacitação. Basta ter concluído o Ensino Médio, dominar o português e passar por treinamento nas companhias. Mas a eliminação dessas vagas ainda é marginal – o chatbot faz o atendimento inicial e encaminha o cliente para instâncias “humanas” em solicitações complexas.
No que se refere aos operadores de telemarketing, essa invasão da tecnologia chama a atenção porque as empresas de call center geram o primeiro emprego para muitos jovens, uma etapa difícil a ser suplantada. Franquias de alimentação, varejo popular, supermercados e as companhias de teleatendimento, dispostas a treinar suas equipes, abrem muitas vagas para essa faixa etária, mas, essa oferta, no geral, é historicamente insuficiente.
A queixa dos mais novos é que, quando acham uma ocupação, geralmente é desinteressante e de má qualidade – paga mal, não permite crescer dentro da empresa e não agrega experiência à carreira para ocupar funções melhores remuneradas.
Obviamente, a melhor solução para atender essas queixas é oferecer uma educação básica com boa formação em Português e Matemática e cursos profissionalizantes. A Coreia do Sul resolveu esse problema inserindo o ensino técnico na formação educacional, preparando o jovem para uma indústria de alta tecnologia e para negócios de serviços.
O Brasil segue no caminho contrário. Professores com baixíssimos salários e malqualificados, escolas cercadas pela violência e pouco foco na profissionalização, valorizando só a formação universitária, resultam em trabalhadores despreparados. O quadro é bem pior se for considerada a revolução tecnológica que agora impõe novos parâmetros de emprego.
Na região, as empresas de teleatendimento já chegaram a gerar 12 mil empregos. Esse mercado encolheu mais pela recessão do que por mudanças tecnológicas. Entretanto, o chatbot é uma prova de que a inteligência artificial já está em andamento e, quando se fala em robôs, não se pode mais pensar em possibilidade ou algo que acontecerá em alguns anos.
É preciso reconsiderar o conteúdo do ensino e as ferramentas hoje empregadas na sala de aula. Mas o planejamento não tem espaço no Brasil e provavelmente os jovens terão que se adaptar às mudanças por esforço próprio.