Ferrovia Norte-Sul e o Porto de Santos

Concessão de trechos da ferrovia abre uma perspectiva real de ampliação do movimento no Porto

Por: Da Redação  -  02/08/19  -  20:14

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que o governo quer mudar a matriz de transporte de cargas no país para que o modal ferroviário seja ampliado. Embora venha crescendo a movimentação por linhas férreas nos últimos anos, ela representa pouco mais de 20% do total, predominando, com larga vantagem, o transporte rodoviário, com cerca de 63% das cargas. Enquanto isso, nos Estados Unidos e Austrália, a participação das ferrovias no transporte chega a 43%, salientando a enorme diferença.


A concessão de trechos da ferrovia Norte-Sul, assinada nesta semana pelo Governo Federal, é importante para cumprir tal objetivo. Trata-se de linha com 1.537 km, ligando Porto Nacional, em Tocantins, a Estrela D´Oeste, em São Paulo, constituindo a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro e permitindo o escoamento da produção agrícola da região Central do país. A estimativa é que, já no próximo ano, o movimento chegue a 1,7 milhão de toneladas, atingindo, em 2055 22,7 milhão de toneladas.


A empresa Rumo venceu a licitação, oferecendo R$ 2,719 bilhões pela concessão, que terá prazo de 30 anos. Destaque-se que um dos trechos, entre Porto Nacional e Anápolis, em Goiás, com 855 km, está concluído e deve entrar em operação até o fim de 2019, e o outro, entre Ouro Verde de Goiás e Estrela D´Oeste, com 682 km, tem 95% de suas obras executadas e deverá operar até 2021. Assim, os efeitos serão imediatos, sendo escoada a produção de grãos de Tocantins, Goiás e Mato Grosso tanto para o Norte quanto para o Sul, para serem exportados.


Abre-se, portanto, perspectiva real de ampliação do movimento no Porto de Santos. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) estima que, quando a linha estiver operando plenamente, o cais santista receba ao menos três milhões de toneladas de grãos a mais por ano. E a ferrovia permitirá ainda a migração de cerca de cinco milhões de toneladas (quatro milhões de grãos e um milhão de açúcar) do modal rodoviário para o ferroviário.


São boas notícias para o desenvolvimento das atividades portuárias em Santos. Mas, para que os resultados aconteçam, o porto precisa oferecer condições operacionais adequadas, uma vez que ele competirá com instalações do Norte do país para escoar a produção agrícola.


A concorrência é, porém, muito positiva: evita a acomodação e exige ações e investimentos em questões como o aumento do calado para navios, a oferta de berços de atracação e maior capacidade de armazenagem de cargas. Há ainda um grande desafio ao Porto de Santos, que é priorizar cargas de maior valor agregado. Mesmo que parcela importante dos grãos seja exportada pela região Norte, Santos pode beneficiar-se, diversificando a movimentação, com grandes benefícios para seu desenvolvimento. 


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