Carne do futuro

Um dos cenários que se coloca para os próximos anos é a produção de alimentos em laboratório

Por: Da Redação  -  18/05/19  -  19:31

Os avanços da ciência têm sido gigantescos e assumido nos últimos tempos proporções inimagináveis. Um dos cenários que se coloca para os próximos anos é a produção de alimentos em laboratório, fato que, se confirmado e possível em escala global, provocará autêntica revolução no consumo, com consequências na economia e no meio ambiente. 


A empresa multinacional Cargill anunciou nesta semana que investirá em uma start up israelense, Aleph Farms, que vem desenvolvendo bifes de carne 3D. Trata-se de uma ação internacional de um grupo de empresas, liderado pela VisVires New Protein, que decidiu financiar pesquisas da ordem de US$ 12 milhões com o objetivo que os bifes 3D possam chegar ao mercado comercial em prazo de três a cinco anos.


A tecnologia aplicada não é geneticamente modificada, e consiste em um processo natural que ocorre nas vacas para regenerar e construir tecidos musculares. A ideia é isolar as células responsáveis por tal processo e cultivá-las fora do animal para formar o mesmo tecido complexo típicos dos bifes de carne.


Ainda é cedo para concluir sobre a possibilidade de sucesso dessas experiências. Mas elas acontecem em todo o mundo, em diferentes áreas, em autêntico cenário de ficção científica. Apesar de não haver garantia de êxito em prazo tão curto, tais avanços podem ser comparados com outras inovações tecnológicas que aconteceram nos últimos 25 anos, especialmente na tecnologia da informação e na comunicação entre as pessoas.


Os ganhos da chamada “carne do futuro” são enormes. Do ponto de vista estritamente alimentar, apresenta vantagens uma vez que não há risco de doenças animais e não exige o uso de antibióticos ou vacinas para ser produzida. Destaque-se que o produto é realmente carne, e não alternativas desenvolvidas a partir de vegetais, que atendem a um público crescente, que busca reduzir a ingestão de proteína animal.


Neste caso, porém, assegura-se a mesma origem - a carne “limpa” continua sendo carne, sem, contudo, a necessidade de se abater animais - e assim responde a grande demanda dos consumidores e críticas de ambientalistas, sobretudo nos países desenvolvidos, e traz importantes consequências: reduz o impacto ambiental da produção de carne e o bem-estar animal. Basta lembrar que para produzir um quilo de carne bovina são necessários 15.400 litros de água, além da emissão de gases de efeito estufa: o rebanho bovino responde por 17% do total emitido desses gases no Brasil.


As possibilidades e perspectivas dessa tecnologia são grandes, e já se aposta, por exemplo, na produção de carne de frango a partir de células coletadas de penas de aves. Se tudo isso acontecer, será gigantesca transformação, que afetará as empresas e os consumidores, a exigir planejamento para a necessária transição e adaptação à nova realidade.


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