Em meio a percalços, contratempos e fogo amigo disparado de dentro e de fora do governo, a economia brasileira caminha e consegue transmitir algum tipo de confiança a quem pensa em colocar dinheiro aqui, o que é fundamental para todos. Prova disso é que, segundo informou ontem o Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos no País alcançaram US$ 9,59 bilhões em março, um aumento frente ao mesmo período do ano passado, quando eles totalizaram US$ 7,34 bilhões.
Esse também foi o maior valor, para esse mês, desde 2012 – quando os investimentos estrangeiros foram de US$ 14,96 bilhões. A série histórica do Banco Central para este indicador tem início em janeiro de 1995. Não é pouca coisa, levando em conta todas as turbulências vividas nos últimos anos não apenas na seara econômica, mas principalmente no universo político.
Nesse caso, o sucesso não tem segredo. Os principais empresários do mercado enxergam, acima de tudo, possibilidades concretas de crescimento econômico. A atividade produtiva no país segue em bom nível. Outro fator é o aquecimento do mercado de trabalho. Com isso, os investidores estrangeiros veem no Brasil uma chance maior de rentabilidade para seus aportes financeiros. Nos últimos meses, a indústria automotiva assumiu papel decisivo com o anúncio de diferentes marcas em aportes bilionários para os próximos anos. Isso sem falar no agronegócio, sempre um carro-chefe quando o assunto é desenvolvimento.
Outra importante sinalização partiu da agência de classificação de riscos Moody’s, que manteve a nota de crédito do Brasil no nível Ba2, mas mudou o prognóstico da avaliação de “estável” para “positiva”.
O rating atual do Brasil na classificação da Moody’s coloca o país no chamado “grau especulativo”, indicando um risco maior para investimentos estrangeiros. Entretanto, ao sugerir uma menção positiva em seu relato, a Moody’s sinaliza que pode elevar a nota de crédito no futuro.
As boas notícias, porém, não chegam sozinhas. Junto a elas surgem alertas que não podem jamais ser ignorados. O rombo das contas externas brasileiras subiu 14,1% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 14,4 bilhões. Em igual período do ano passado, o déficit somou US$ 12,6 bilhões.
Diante de todo esse cenário, o Copom se reúne na próxima quarta-feira com a disposição inicial de fazer mais um corte de 0,50 ponto percentual na Selic, ao encontro do que espera o governo. Os planos podem ser revistos por causa do Fed, o banco central norte-americano, que manteve os juros locais, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, mas manifestou sua preocupação com a falta de avanço no processo de desinflação dos Estados Unidos. Não dá para ignorar que o que acontece na principal economia do mundo provoca reflexos em todos os lugares, Brasil incluso.