Alerta do clima

As medidas de segurança e saúde no trabalho encontram dificuldades para se adequar a essa nova realidade

Por: ATribuna.com.br  -  23/04/24  -  06:25
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A previsão do tempo aponta para a elevação da temperatura após dias mais amenos. Segundo a empresa MetSul Meteorologia, uma onda de calor intenso deve marcar o final de abril e o começo de maio em boa parte do Brasil em pleno outono. O que poderia ser encarado como um fato corriqueiro em um país tropical, entretanto, ganha ares de preocupação quando se tem notícia de que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta que mais de 70% dos trabalhadores mundo afora estão expostos a graves riscos à saúde em função das mudanças climáticas.


Relatório divulgado ontem pela organização mundial dá conta de que mais de 2,4 bilhões de pessoas, de uma força de trabalho global de 3,4 bilhões, estão expostas ao calor excessivo em algum momento de suas jornadas. De acordo com o documento, produzido com base em dados de 2020, “quando calculado como percentagem da força de trabalho global, o aumento foi de 65,5% para 70,9% desde 2000”. Além disso, o relatório estima que 18.970 vidas são perdidas a cada 12 meses devido a lesões ocupacionais atribuíveis ao calor excessivo.


Em análise mais detalhada, o cenário seria de 1,6 bilhão de trabalhadores expostos à radiação ultravioleta (UV), com mais de 18.960 mortes anuais devido ao câncer de pele – doenças cardiovasculares e respiratórias, disfunções renais e problemas de saúde mental, além de outros tipos de câncer, também estão entre males decorrentes das oscilações climáticas.


Além disso, reitera a OIT no relatório de ontem, 1,6 bilhão de pessoas, provavelmente, são expostas à poluição atmosférica no local de trabalho, o que resulta em até 860 mil mortes ao ano entre as pessoas que trabalham ao ar livre.


Tema amplamente debatido nos dias atuais, mas ainda não devidamente compreendido por muitos, desde aqueles que simplesmente renegam o problema por questões ideológicas ou ignorância, até outros que não querem ver seus interesses mercantis contrariados em nome de um benefício que não vai surgir a curto prazo, mas que é fundamental, o aquecimento global não para de deixar marcas e mostrar que veio para ficar, com prejuízos humanos e materiais incessantes.


Ainda conforme a OIT, as medidas de segurança e saúde no trabalho encontram dificuldades para se adequar a essa nova realidade. Diante disso, e em nome da preservação de vidas futuras, quando os líderes das principais nações voltarem a se encontrar para firmar pactos e estipular prazo para a redução da emissão de gases poluentes, medidas que garantam um mínimo de proteção a quem ganha a vida exposto aos raios ultravioleta merecem entrar na pauta de discussões das autoridades. Entre as alterações sugeridas por especialistas no tema em meio a essa nova realidade, estão alteração na lista de doenças ocupacionais e limites de exposição, além de treinamento, informação e medidas preventivas no local de trabalho.


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