Acácio e Etec

Coordenador da unidade de infraestrutura do Centro Paula Souza declarou que o órgão não tem mais interesse em sediar uma ETEC no prédio da Escola Municipal Acácio de Paula Leite Sampaio

Por: Da Redação  -  17/04/19  -  19:48

O anúncio agora é oficial. Em audiência pública na Câmara Municipal de Santos, o coordenador da unidade de infraestrutura do Centro Paula Souza (CPS), Hamilton Pacífico, declarou que o órgão não tem mais interesse em sediar uma Escola Técnica Estadual (ETEC) no prédio da Escola Municipal Acácio de Paula Leite Sampaio, no bairro da Vila Nova. O motivo seria o alto custo da reforma necessária - entre R$ 8,5 milhões e R$ 9 milhões - que o órgão não teria condições de suportar.


A notícia surpreendeu a Prefeitura de Santos, que alegou não ter recebido nenhuma manifestação oficial do CPS a respeito. A decisão interrompe planos de recuperação do antigo prédio, construído no final da década de 1960, e representante da arquitetura brutalista, em voga no período, caracterizada pelas formas ousadas, com grandes vãos livres e que utilizava o concreto armado aparente.


Concebido pelo arquiteto Décio Tozzi, o prédio de três andares, com pátio, 15 salas de aula, anfiteatros, laboratórios adaptados que ocupam três grandes salões, sistemas especiais de ventilação e iluminação, foi considerado projeto inovador na época. Desde 2013, entretanto, o edifício está sem uso, e o abandono acelerou sua degradação.


A celebração de convênio com o estado para a instalação no local de uma ETEC foi excelente solução, na medida em que assegurava a instalação de uma escola técnica, ao mesmo tempo em que propiciava a recuperação e restauração do antigo prédio. Foi inclusive divulgado que os cursos teriam início em 2015, mas nada aconteceu. Desde então vários anos se passaram e as condições do imóvel só pioraram.


Seu estado atual é muito ruim: vidraças estão quebradas, o mato invadiu suas instalações, e há lixo por toda a parte. E o mais grave é que a cidade perdeu uma escola técnica, que poderia estar formando, todos os anos, dezenas de alunos em variados cursos profissionalizantes, que os capacitariam em atividades relevantes para a economia local e regional.


É importante que haja mobilização pela preservação do edifício, ao mesmo tempo em que seja viabilizado uso coerente de suas instalações. Ele foi projetado para ser uma escola, e esta é sua vocação. Daí a necessidade de buscar pressionar o Centro Paula Souza para reverter a decisão anunciada, e o papel da Prefeitura e da classe política é decisiva. A questão vai além do valor da reforma, e precisa ser compreendida de outra forma: trata-se de imóvel que é patrimônio histórico e cultural e assim merece atenção diferenciada.


Soluções precisam ser encontradas para o problema, rapidamente. Não se pode admitir que a Escola Acácio de Paula Leite Sampaio continue abandonada, em situação cada vez mais degradada, sem uso e sem cumprir a função de educar jovens, que precisam, mais do que nunca, dessa formação.


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