Entram na reta final as obras que compõem a nova entrada de Santos. Além dos viadutos que interligam as avenidas Martins Fontes e Nossa Senhora de Fátima, e Via Anchieta com Martins Fontes, há também um conjunto de outras intervenções que passam despercebidas, ainda, pelo motorista. A mais importante delas, ao menos sob o ponto de vista de desafogar o trânsito no início da Avenida Nossa Senhora de Fátima, é a Ponte sobre o Rio São Jorge.
Essa ponte terá pouco mais de 700 metros de extensão e tem a finalidade de desviar os veículos, especialmente caminhões, que descem a Serra em direção à Avenida Nossa Senhora de Fátima e vice-versa. Será um importante elo a partir da Via Anchieta e, para executá-la, foi necessária a remoção de 400 famílias que habitavam as favelas do Mangue Seco e Butantã.
Além de tirar da entrada de Santos os veículos pesados que congestionam aquele trecho de confluência com a Martins Fontes, a Ponte sobre o Rio São Jorge dá movimento a um trecho da Zona Noroeste até então suburbanizado, com um leque de problemas de infraestrutura e habitações irregulares. No local conhecido como Prainha, 552 moradias populares serão erguidas no futuro, ficando próximas ao Ilhéu Alto.
A ponte e todo o conjunto de obras terão um efeito colateral e positivo para a Zona Noroeste, nos quesitos desenvolvimento e valorização. Porém, é preciso planejar o que se quer dessa região a partir da entrega dessas obras. A Zona Noroeste tem 150 mil moradores, ou 35% da população de Santos. A falta de áreas para construção nos demais bairros já tem levado para a ZN um movimento diferente nos últimos anos, de acentuada verticalização, especialmente nos bairros que ficam nos limites com São Vicente, e de abertura de novos negócios e valorização imobiliária.
Vista ainda como “periferia” por quem mora nos bairros da Zona Leste, a Zona Noroeste guarda um ar de tranquilidade e sossego. Predominam casas e sobrados e ainda há muita área para ser ocupada. A partir da entrega desse conjunto de obras, seria oportuno à Prefeitura definir os eixos de desenvolvimento para essa região, planejar sua verticalização e eventual mudança de perfil para que se garanta o equilíbrio entre qualidade de vida e crescimento econômico. Ao longo das últimas décadas, os bairros que compõem essa importante parte da Cidade já vêm sofrendo alterações urbanas, com mais acesso de transporte público, instalação de atacadistas e distribuidoras ao longo da Avenida Nossa Senhora de Fátima e construção de edifícios de grande porte.
Natural será que, a partir da facilitação do acesso aos bairros com a conclusão das obras, haja interesse maior em investir ali. Última área insular de Santos ainda com terrenos disponíveis, é tempo de discutir como se quer fomentar seu desenvolvimento.