Um salto virtual

Antes visto como vilão que engoliria as vendas físicas, hoje >e-commerce é uma oportunidade para sobreviver à pandemia

Por: Da Redação  -  17/06/20  -  11:39
Atualizado em 17/06/20 - 11:48

A pesquisa do comércio realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe uma já esperada queda acentuada das vendas em abril, sinalizando, além do impacto recessivo da pandemia, mudanças profundas no comportamento do consumidor. Deve-se considerar ainda, daqui para frente, consequências imprevisíveis da tecnologia no setor, além da explosão do e-commerce, também por novidades como a desta semana – o Facebook, de olho no pequeno lojista virtual, escolheu o Brasil para lançar seu meio de pagamentos.


De acordo com o IBGE, as vendas do comércio caíram 16,8% tanto na comparação de abril com março como na relação com igual mês do ano passado. Para surpresa geral, nem mesmo os supermercados escaparam do baque, com perda de 11,8% (abril sobre março), aliás a segunda menos pior do varejo (material da construção caiu 1,8%). Os analistas do IBGE ressaltam que as quedas disseminadas por todos os setores na dimensão de dois dígitos são raras e superam as da então maior recessão do País, no biênio 2015-16, quando o Produto Interno Bruto encolheu 7,2%. 


O preocupante é que a recuperação não vem com uma simples reabertura dos comércios. Pode persistir o medo do trabalhador de consumir e depois não ter como pagar suas contas e também não haver disposição, pelo menos em parte da população, de se aglomerar nas ruas de comércio popular e shoppings devido à continuidade da circulação do novo coronavírus. Além disso, como a economia já patinava antes da pandemia, algumas empresas que já iam mal possivelmente podem até ter fechado as portas de vez, reduzindo a massa salarial que costumava irrigar o varejo em tempos normais.


O comércio on-line é a estrela do momento. Na bolsa, enquanto o principal índice, o Ibovespa, subiu 29% entre 16 de março e ontem, as cotações de Lojas Americanas e Magazine Luiza avançaram, respectivamente, 81% e 93%, reflexo da empolgação dos investidores com o desempenho virtual dessas redes. Antes observado como o vilão que engoliria as vendas físicas, hoje o e-commerce é uma oportunidade, inclusive o pequeno lojista, para sobreviver à pandemia. 


No Brasil, esse segmento virtual ainda tem uma participação baixa nas vendas totais, de 5% a 16%, dependendo da pesquisa, enquanto nos EUA já ronda 40%. Por isso, por aqui essa modalidade avança positivamente e assim se estima que continuará no pós-pandemia. 


Portanto, para o comércio reverter suas perdas será preciso se abrir cada vez mais para a tecnologia. Conforme serviço lançado na segunda-feira pelo Facebook, ainda em fase experimental, o usuário do Whatsapp poderá fazer pagamentos com alguns cliques no campo da mensagem do app. Só o tempo dirá que impacto inovações como essa terão no mercado de trabalho. Essa tendência é mais do que conhecida e se espera que os governos capacitem os brasileiros para as novas realidades da economia.


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