Sarampo e as redes sociais

Segundo o infectologista Marcos Caseiro, 90% dos santistas foram vacinados nos últimos anos, percentual significativo no combate à doença

Por: Da Redação  -  24/07/19  -  19:01

A tranquilidade com que o Governo do Estado vê o registro de sete casos de sarampo na Baixada Santista causa preocupação. A grande ameaça é a proximidade com a Capital, onde há 400 pacientes confirmados. Pesa a favor do posicionamento estadual o diagnóstico de que a cobertura vacinal e os bloqueios que impedem a disseminação tiveram bons resultados. Segundo o infectologista Marcos Caseiro, 90% dos santistas foram vacinados nos últimos anos, percentual significativo no combate à doença. As autoridades dependem das estatísticas para avaliar a eficiência de suas estratégias. Porém, para cada cidadão, o ideal é não haver risco algum, afinal ninguém quer perdas em seu círculo familiar. 


O trabalho constante deve ser mantido porque, pelos dados citados, há uma aparente minoria desprotegida (considerando que o estudo está realmente correto) que pode facilmente ser infectada pelo contato com paulistanos. A exposição entre as duas populações é extremamente intensa, observando-se os finais de semana na praia e os milhares de moradores da região que vão a São Paulo diariamente. O infectologista Leonardo Weissmann alerta que um só doente com sarampo pode contaminar outras 18 pessoas, por exemplo, na sala de aula ou no recreio da escola. 


Entretanto, o Brasil não é o único país que enfrenta a volta do sarampo. A doença se espalhou com força no semestre passado nos Estados Unidos, França e Ucrânia. Em Nova Iorque, foram registrados quase 400 casos até abril. Portanto, o brasileiro que viaja ao exterior precisa antes completar sua carteira de vacinação – e não apenas contra a febre amarela. Pouquíssimos alertas são feitos a esse respeito. 


A disseminação do sarampo está associada à multiplicação das viagens pelo mundo, mas o que mais espanta é outro motivo apontado pela Unicef – as campanhas antivacina propagadas pelas redes sociais. Infelizmente, muitas pessoas, convencidas por teses sem cabimento ou base científica deixam seus filhos desprotegidos. De acordo com a agência da ONU, 169 milhões de crianças não foram vacinadas em todo o mundo entre 2010 e 2017. A organização alertou ainda que essas crendices ganharam espaço no Brasil, Estados Unidos, França, Ucrânia e Finlândia.


Mesmo que haja uma cobertura satisfatória, a continuidade de pessoas não imunizadas mantém o risco de circulação ainda que baixo do vírus do sarampo. Havendo descuido das autoridades daqui a alguns anos, o retorno poderá ser muito maior do que se esperava. Como se trata de uma doença há tempos com vacina garantida, o ideal seria que o sistema de saúde dos países estivesse voltado para infecções que ainda não têm medicação ou vacinas eficientes. Com a ignorância se espalhando via redes sociais, as autoridades devem ficar com as atenções redobradas.


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