Ritmo dos asiáticos

Os três países que mais crescem dentro do G-20 são todos asiáticos

Por: Da Redação  -  17/07/19  -  19:58

No mesmo dia em que a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do Banco Central indicou uma expansão de 0,54% em maio, sobre abril, no Brasil, a China lamentou ter crescido “apenas” 6,2% no segundo trimestre em relação ao período anterior. Considerando-se que há uma década o país avançava 12% ao ano, o desempenho atual realmente é uma catástrofe.


Na prática, em dez anos, seus parceiros comerciais perderam meia China, o que é um tombo e tanto. O Brasil, que patina quase que por seus problemas internos (desconfiança no crescimento e custos elevados), sente por ser o grande fornecedor de alimentos e minério de ferro à economia chinesa.


Uma rápida análise sobre o crescimento dos países do G-20 indica que o Brasil erra profundamente ao concentrar seu comércio com a China, os Estados Unidos e a Europa. Os três países que mais crescem são todos asiáticos. Atrás da China com 6,2%, aparecem Índia com 5,8% e Indonésia com 5,07%. Todos superpovoados, emergentes, com infraestrutura em expansão (dependem de minérios) e uma classe média com novas necessidades, como carnes, produtos agrícolas e vestuário.


Os Estados Unidos surpreendem com a quarta colocação do G-20, com expansão de 3,2%. No caso americano, se diz que a economia ainda aproveita os efeitos da redução de impostos e que logo sentirá os impactos da briga comercial com a China. O país asiático tomou o espaço da indústria dos EUA no mundo, mas de qualquer forma, por seu atual tamanho, é um cliente que não se deve menosprezar. A oferta abundante de petróleo e a queda da cotação do barril ajudam os EUA, mas também é um indicador que ajuda as demais nações largamente consumidoras da commodity.


Descendo na listado G-20, os índices de crescimento vão decaindo entre os países mais desenvolvidos, até que se chega ao Brasil e Rússia com míseros 0,5% e a África do Sul no zero. Até o Japão, estagnado três décadas, cresce mais forte, com 0,9%. Itália (-0,1%), Turquia (-2,6%) e Argentina (-5,8%) foram o pelotão dos únicos desempenhos negativos.


O Brasil não está livre de engrossar o grupo no vermelho. Segundo economistas, um único mês (+0,54% em maio) não é suficiente para indicar tendência. Há apenas uma notícia boa a caminho, que é a liberação de recursos do PIS/Pasep e do FGTS para deslanchar a atividade. Não se sabe se essa estratégia funcionará porque parte volumosa dessa verba já foi empregada no Governo Temer.


Resta ao Brasil destravar a confiança, profundamente dependente das reformas. Parece que elas vão sair, mas as brigas do Planalto como Parlamento assustam. O que se teme é que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), perca a paciência e pise no freio de um País já quase parado. O Brasil tem problemas mais urgentes do que taxas de Fernando de Noronha ou a embaixada em Washington. Há muita energia presidencial sendo gasta com bobagens.


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