Questão de respeito

Falhas de autarquia são expostas com a cautela nos atendimentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

Por: Da Redação  -  18/05/20  -  12:37

Devido à pandemia de coronavírus, as agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão fechadas desde a segunda quinzena de março. Há atendimento apenas por telefone e pela internet. Se o prazo não mudar, os postos devem permanecer de portas cerradas ao público até a próxima sexta-feira, com previsão de reabertura na segunda-feira seguinte. Têm sido dois meses de cuidado para se evitar aglomerações nas unidades, a fim de se reduzir o risco de contaminações por covid-19. Porém, essa cautela tem tudo para se perder por causa de algumas falhas graves da autarquia.


A razão está no volume de solicitações de benefícios previdenciários emperradas no sistema virtual do INSS: quase 20 mil apenas no Estado de São Paulo. Em nível regional, moradores da Baixada Santista amargam tempo médio de espera de 103 dias por uma resposta do instituto a seus pedidos, mais do que o dobro dos 45 dias previstos por lei para que se saiba se uma requisição será ou não deferida. Pior ainda para idosos pobres ou pessoas com deficiência: são 164 dias — cinco meses e meio — para se conseguir uma definição a respeito do Benefício de Prestação Continuada (BPC).


Quando, enfim, a Previdência Social retomar seus serviços presenciais, é de se imaginar a afluência de cidadãos nos postos: longas filas, superlotação, gente com saúde frágil, nem todos com máscaras cobrindo nariz e boca, exposição a doenças contagiosas. Entre elas, o coronavírus, cujos meios de prevenção não são seguidos por todos, em parte com o estímulo de um Governo que, além de desprezar a Ciência, é vagaroso para definir e para executar paliativos visando a sobrevivência da população. Inclusive, de quem depende da renda de benefícios ou de auxílio emergencial e faz jus a eles.


Prova da lentidão governamental nesse aspecto consiste no fato de que, apenas no dia 26, quando os postos já estiverem reabertos, será conhecido o resultado do processo seletivo pelo qual se pretende contratar, de forma temporária, 8.230 aposentados da União e militares para reforçar o pessoal do INSS. E não há data para que comecem a trabalhar. Enfim, tudo leva a um mau prognóstico quando a rotina na Previdência voltar a uma pretensa normalidade.


O Governo erra, também, ao não promover campanhas de utilidade pública nesse período de emergência. É frequente ver pessoas que se deslocam de uma cidade a outra, buscando atendimento, sem saber que nenhum posto atende desde março: só descobrem isso ao dar com a cara na porta de uma agência. Eis o quanto seriam úteis informações oficiais quanto às formas de contatar o INSS nesse período de pandemia e para acompanhar o andamento de seus processos. Em vez disso, o Poder Executivo alimenta divisões políticas, dissemina inverdades e se preocupa com eventuais adversários nas eleições de 2022, sem notar que desgasta o povo e a si mesmo.


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