O governador João Doria esteve em Santos na última quinta-feira (24) para dar início às obras da segunda fase do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no trecho de oito quilômetros que ligará a Avenida Conselheiro Nébias ao Valongo, passando por várias ruas da região central, como Campos Melo, Doutor Cochrane, João Pessoa e General Câmara. Pensado e projetado para ser um dos modais mais eficientes no transporte de massa, há um leque de expectativas em torno de sua execução e efetiva entrada em operação.
Atualmente, quem se utiliza do VLT e trabalha no Centro ou no trajeto entre a Estação Conselheiro Nébias e a região central, precisa ainda complementar o transporte se utilizando de coletivos. Com mais essa etapa do modal, é possível que algumas linhas de ônibus que fazem esse trajeto percam sua função, aliviando o trânsito nesse percurso.
Mas a questão da mobilidade urbana é apenas uma das razões pelas quais vale a pena dar crédito ao VLT. Nessa segunda fase, há a expectativa de que um movimento extra de pessoas tenha a região central de Santos como destino: trabalhadores, munícipes em trânsito para fazer compras, pagar contas ou simplesmente visitar os espaços diferenciados do Centro Histórico.
Esse é o ponto em que a implantação do novo modal pode fazer toda a diferença. Levar movimento para o centro vai depender de muito mais que apenas garantir mobilidade. Os bairros que formam esse trecho da cidade há décadas vêm se esvaziando, especialmente de lojas comerciais e escritórios de negócios, atraídos que vêm sendo para bairros mais nobres e prédios corporativos mais modernos, com estacionamento fácil, segurança e acessibilidade.
A atual gestão afirma ter deixado as condições adequadas para o processo de retomada, com legislação que favorece novos negócios a partir de estímulos fiscais, e a segunda fase do VLT em andamento. De fato, são eixos importantes, mas que não garantem a volta do movimento. Para o próximo prefeito, seja ele de qual corrente partidária for, restará criar um amplo e permanente programa de reocupação dos imóveis hoje fechados, abandonados e, muitos, em franco processo de deterioração.
O poder público pode ser, ele próprio, o indutor dessa retomada. Ações como o retorno de atividades do setor público para prédios no Centro, políticas públicas para a compra ou locação de imóveis abandonados com a finalidade de instalar moradias populares são alguns dos caminhos possíveis.
A atual gestão foi profícua na realização de ações que estimularam obras na Cidade como contrapartida das empresas por grandes empreendimentos. Foi assim com a Nova Ponta da Praia, por exemplo, com resultados positivos para aquele bairro. É preciso, agora, olhar com mais atenção para o trecho da Cidade que pouco ou nenhum investimento recebeu ao longo dos anos: a região central.