Em 2020 a Petrobras deve continuar o processo de transformação em curso. O objetivo é a melhoria da condição financeira da empresa, com venda de ativos - a expectativa é levantar, nos próximos anos, entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões - e com isso reduzir sua dívida bruta dos atuais US$ 88 bilhões para US$ 60 bilhões em 2021, e aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas, sendo a União o principal deles.
A política traçada indica o enxugamento da empresa, que estará concentrada cada vez mais em projetos de maior retorno, com foco em exploração e produção de petróleo e gás.
O atual plano prevê a saída da Petrobras de campos maduros em terra e águas rasas, bem como da petroquímica Brasken e das atividades de transporte e distribuição de gás natural e da produção de biocombustíveis e fertilizantes. Além disso, a estatal pretende reduzir sua participação no setor de refino de petróleo.
A empresa deve concentrar sua ação na região Sudeste, com a venda de todas as refinarias que possui fora do eixo Rio-São Paulo, desfazendo-se ainda de ativos remanescentes na América Latina, consequência de plano de internacionalização que cresceu nos anos 2000, hoje praticamente desmobilizado.
É correta a preocupação demonstrada pela Petrobras na busca da eficiência máxima e de resultados operacionais satisfatórios, valendo-se de sua experiência, como é o caso da sua capacidade para explorar campos off shore.
A estatal racionaliza suas ações, deixando de lado os ativos não prioritários e concentra-se no pré-sal, onde possui vantagens e custos de extração baixos. A previsão é que a produção da empresa suba de 2,7 milhões de barris diários de óleo equivalente em 2019 para 3,5 milhões em 2024.
Outro ponto importante é o aumento da produção de gás associado ao petróleo, fato que lhe dá vantagem competitiva, já que o gás natural é visto como o combustível que fará a transição energética. Entre os fósseis, é o que menos emite gases de efeito estufa, e representa alternativa para os próximos anos, nos quais o petróleo e o gás natural ainda serão relevantes para a matriz energética mundial.
O foco excessivo nas atividades de exploração e produção de petróleo, que irão consumir 85% dos investimentos previstos entre 2020-2024, causa, entretanto, preocupação. Em todo o mundo, grandes petroleiras têm se transformado em empresas de energia, investindo em fontes renováveis, como a eólica e a solar, e a Petrobras se mantém ainda distante dessa realidade.
Especialistas alertam que o aprendizado de uma empresa petroleira no desenvolvimento de energias renováveis não é simples, trivial e rápido. Deixar para apostar nisso apenas no futuro, concentrando-se na produção e exportação de óleo cru, pode representar um risco e a perda de espaço em um mercado que já vive forte transição.