O jornalismo e os tempos

Cada época transposta por A Tribuna teve peculiaridades, e a permanência deste jornal simboliza o quão essencial é sua tarefa

Por: Da Redação  -  26/03/21  -  09:08

Nunca houve época fácil para o exercício do jornalismo. Ameaças governamentais, econômicas e mesmo de cidadãos — quando veem confrontados seus interesses ou maculados seus pontos de vista — obstaculizam sua sobrevivência, quando não a inviabilizam.


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Os veículos de comunicação que desempenham atividade informativa responsável são os mais atacados. Explica-se: em seu trabalho, esses órgãos têm por premissa o respeito ao interesse público.


De modo objetivo, tal defesa se traduz em informar, de modo correto e sem evasivas, aquilo que interfere no cotidiano. Cada fato tem significado e, além de reproduzido, deve ser analisado com equilíbrio.


Ainda no que concerne ao interesse público, sua proteção contém um paradoxo. Mesmo que notícias possam causar desconforto, o que se tem notado sobremaneira neste longo período de pandemia, devem ser transmitidas. Há fatos e orientações de interesse público, mesmo que pareçam não interessar ao público ou que parte do público considere não lhe interessar — notem-se as sutilezas. Omissão seria falta grave, antijornalística.


Tudo isso, mas não só, explica por que A Tribuna completa hoje 127 anos de uma existência sólida, forjada no permanente desafio de trazer à luz acontecimentos cuja revelação desagrada a quem desejaria vê-los silenciados.
Desde 1894, cada período transposto por este jornal teve peculiaridades. Uma das mais graves foi um empastelamento, isto é, a destruição de suas instalações e máquinas, que em 1930 resultou na interrupção temporária de sua circulação. A mão pesada do Estado Novo, até 1945, sempre de olho a opiniões contrárias ao Governo. Atos institucionais e a censura prévia no regime militar, que abateram o debate político e chegaram ao ponto de provocar uma crise sanitária: na década de 1970, com o veto a notícias sobre casos de meningite em São Paulo, viveu-se uma epidemia mortal e dolorosa, oculta até se tornar por demais evidente.


As fases tidas como democráticas nem sempre representam ventos favoráveis ao jornalismo. Se, de um lado, a imprensa tem mais abertura para exercer seu dever profissional, amparada por lei e por instituições de defesa da sua atividade, formas tradicionais de violência contra profissionais e veículos têm se unido, mais recentemente, a técnicas de desinformação criminosas. Pegam-se verdades, pintam-se fatos como mentiras, disseminam-se inverdades e se elevam boatos a argumentos. Desmontar o falso se tornou outra tarefa, também dura.


Mais um aniversário desta empreitada do maranhense Olympio Lima, hoje celebrada com um caderno especial encartado nesta edição e que detalha passado, presente e futuro de A Tribuna, simboliza a sobrevivência do jornalismo como trabalho essencial ao aprimoramento da sociedade. A constante evolução de formatos, técnicas e agilidade informativos se une à ética e à correção fundamentais em toda iniciativa do gênero.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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