O avanço da cobertura vacinal

O ministro da Saúde já mostrou que não tem forças para trabalhar com a autonomia exigida pela crise sanitária

Por: Da Redação  -  09/04/21  -  09:00

A marca de 19,5% da população santista imunizada, conforme dados publicados ontem em A Tribuna, mostra que as autoridades sanitárias estão no caminho certo e, espera-se, que logo os efeitos positivos do avanço da vacinação sejam notados nos hospitais. Mas ainda há muito a ser feito – na segunda aplicação o percentual em Santos é de 7,8%. É verdade que o desempenho da Cidade está associado ao elevado percentual de idosos na população, também por volta de 20%. A Prefeitura afirma que contratou mais 179 profissionais para dar conta da campanha vacinal, um esforço que merece ser reconhecido, ainda mais quando há um bombardeio inadmissível de falsas notícias, do negacionismo e da defesa de tratamentos com medicamentos sem reconhecimento científico para o combate à covid-19.


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Nas demais cidades, a cobertura vacinal com primeira dose vai de 13,7% em Itanhaém, o segundo melhor resultado, a 7,8% em Bertioga, o percentual mais acanhado. É importante que as autoridades de cada município discutam com o Governo do Estado para identificar os motivos das diferenças, que podem estar no medo de ser vacinado, na dificuldade de acesso ou na falta de doses em algumas das cidades. De qualquer forma, as prefeituras precisam investir mais em campanhas informativas à medida que o cronograma de vacinação se aproxima das camadas mais jovens. Por incrível que pareça, o Ministério da Saúde não investiu nessa guerra da informação, porque até bem pouco tempo comprar imunizantes não era prioridade, aliás isso foi tratado com displicência. Ainda pesa contra o combate à doença a insistência do presidente de defender o “tratamento precoce” e a ausência de sua liderança no esforço nacional para reduzir os altíssimos números de mortes pela doença e o esgotamento dos hospitais. Em termos federais, essa luta está órfã, pois o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já mostrou que não tem forças para trabalhar com a autonomia exigida pela crise sanitária.


Segundo as primeiras análises de grupos profissionais e faixas etárias já vacinadas, as internações e o total de casos mais graves e mortes vêm caindo, o que está mais evidente nos países com imunização avançada. Nos EUA, o pico de óbitos chegou a 4,5 mil em janeiro e agora está abaixo de mil, enquanto no Reino Unido, são algumas dezenas diárias frente a 1,3 mil no início do ano.


Apesar dos danos causados pelo governo ao Plano Nacional de Imunização (PNI), os municípios não perderam sua competência para vacinar – basta haver imunizantes. Desafios aparecem a toda hora, como a falta de insumos para produzir a CoronaVac, alertas sobre risco, ainda que raro, de coágulos com a vacina da AstraZeneca ou ainda uma nova onda do vírus na Índia, o que pode dificultar exportações ao Brasil. Entretanto, é fundamental superar as dificuldades e não perder energia em assuntos paralelos, como abrir ou fechar templos, que desviam do foco central, que é imunizar.


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