Novas tendências no consumo

O uso de aplicativos que proporcionam a ampliação de caronas no transporte individual e o aluguel de casas e apartamentos em viagens é exemplo importante dessa nova tendência

Por: Da Redação  -  11/01/20  -  10:59
Atualizado em 11/01/20 - 11:00

O consumo compartilhado de bens e serviços cresce em todo o mundo. O uso de aplicativos que proporcionam a ampliação de caronas no transporte individual e o aluguel de casas e apartamentos em viagens é exemplo importante dessa nova tendência.


Foi realizada pesquisa sobre essa questão no Brasil no final de novembro. Desenvolvida por empresa que executa estudos de mercado e opinião pública, a Market Analysis, entrevistou 560 pessoas em todas as regiões do País, e revelou que 47% dos brasileiros estão familiarizados com o conceito de consumo compartilhado, mas a parcela dos que efetivamente o praticam ainda é pequena - 16% - embora esse número venha crescendo nos últimos anos: eram 8% em 2015 e 9% em 2017.


O levantamento demonstrou ainda que metade dos entrevistados revelou interesse em fazer uso compartilhado dos locais de trabalho, hospedagem e brinquedos, embora atualmente apenas entre 2% e 12% se engajem de fato nessas práticas. A conclusão é que há espaço para expandir o consumo compartilhado no Brasil.


Trata-se de iniciativa positiva e recomendável. Traz economia evidente ao cidadão, além de reduzir o consumo individual, com consequências para o meio ambiente e a sustentabilidade. O ponto importante é que as pessoas começam a perceber que o tema não se refere à posse ou compra de um bem, e sim aos benefícios e utilidades que o uso comum propicia.


Entre 2015 e 2019, carros e caronas compartilhadas tiveram a maior evolução, e foram a primeira menção dos entrevistados na pesquisa. Segue-se a comercialização de vestuário de segunda mão: a plataforma Enjoi, que trabalha nesse segmento, pretende movimentar de 4 a 5 milhões de peças em 2020 e registrar crescimento superior a 100% em relação a 2019. Especialistas avaliam que, além da mobilidade e moda sustentável, há futuro promissor para outros nichos, como trocas de instrumentos de lazer cultural ou entretenimento e o de espaços compartilhados de trabalho (o coworking).


Existem, porém, dificuldades para essa expansão. A principal delas é cultural, com a rejeição do uso comum entre pessoas de classes sociais diferentes e por ameaçar a ideia da propriedade individual, erigida, durante muito tempo, como valor maior, mobilizando esforços para conquistá-la. Possuir um bem é símbolo de status e afirmação individual presente na sociedade brasileira.


Há também a desconfiança interpessoal, que é bastante alta no Brasil, e os sistemas de reputação, contato e informação não conseguem superar tal barreira na medida necessária. Ainda assim, o compartilhamento deve avançar nos próximos anos, e as empresas têm papel destacado nos novos arranjos que vão surgir, especialmente para reduzir a desconfiança que muitos consumidores ainda manifestam em relação a essas práticas.


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