Números da Covid-19

Enquanto aumentam os infectados, recua o isolamento social, que caiu, no último dia 30 de abril, a apenas 46% no Estado de São Paulo, muito abaixo do recomendado em 70%

Por: Da Redação  -  05/05/20  -  11:52

Na última semana, o aumento de casos confirmados e das mortes pelo novo coronavírus no Brasil trouxe grande preocupação. O crescimento de óbitos tem se mantido acima de 400 diariamente, e a ocupação de leitos em UTIs está, em várias cidades, no limite da capacidade de atendimento. Já são mais de 100 mil casos confirmados no País, que se tornou, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, o nono em todo o mundo, superando Irã e China.


O quadro é, sem dúvida alguma, grave. Enquanto aumentam os infectados, recua o isolamento social, que caiu, no último dia 30 de abril, a apenas 46% no Estado de São Paulo, muito abaixo do recomendado em 70%. Há ainda subnotificação e muita incerteza quanto ao número efetivo e real de pessoas que contraíram a doença, e mesmo daqueles que foram a óbito por sua causa.


Os dados dos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais e dos sepultamentos em várias cidades mostram acentuada elevação de mortes, muito acima dos dados oficiais de óbitos pela Covid-19 diariamente atualizados pelo Ministério da Saúde. Ainda assim, admitindo que esse problema tem dimensão mundial, é possível fazer comparações com outros países.


No último domingo, o Brasil contava com 33,5 mortes por milhão de habitantes, número inferior ao dos Estados Unidos (208,1), Itália (478,5), Reino Unido (426,8), Espanha (538,2) e França (371,2), considerando as cinco nações com mais óbitos no mundo. Deve-se, porém, considerar que o estágio da evolução da doença não é o mesmo - o Brasil estaria de 15 a 20 dias retardado em relação à Europa e EUA.


Segundo o pesquisador Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas, isso aconteceu pela adoção precoce do distanciamento social, e porque o Brasil possui um sistema de saúde estruturado, o SUS, que, embora com muitas dificuldades e deficiências, tem sido capaz de colocar-se na linha de frente no combate à pandemia. 


Nos últimos dez dias, o ritmo do número total de mortes vem se acelerando, e isso decorre do não cumprimento do isolamento e da política anti-Covid-19 que vem sendo desenvolvida por amplos setores da sociedade. Discute-se, com muita intensidade, a flexibilização das regras de isolamento, mas o crescimento dos casos e dos óbitos em várias cidades e regiões indica que é preciso cautela, prudência e atenção.


Em Santos, no domingo, o total de mortes pela Covid-19 atingia 12,9 por 100 mil habitantes, enquanto a Baixada Santista registrava 7,0, a capital 13,9 e o Estado de São Paulo 6,0. No Estado, o aumento dos óbitos, em dez dias, foi de 128%, e havia registro de mortos em 150 municípios, 50 a mais do que dez dias atrás. Enquanto isso, a taxa de ocupação de leitos de UTI chegava a 66,2% no Estado e 87,5% na Grande São Paulo, a indicar que a situação é muito grave.


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