Mercosul + EU

Estima-se que apenas o Brasil poderá ampliar suas exportações ao bloco em US$ 100 bilhões, além de atrair US$ 125 bilhões em investimentos

Por: Da Redação  -  02/07/19  -  12:18

São inegáveis as vantagens que os países do Mercosul terão com o acordo comercial fechado com a União Europeia na última sexta-feira. Estima-se que apenas o Brasil poderá ampliar suas exportações ao bloco em US$ 100 bilhões, além de atrair US$ 125 bilhões em investimentos. A etapa principal de colocar no papel concessões e exigências já foi superada, mas falta ver como será a reação dos contrários à abertura de seus mercados, notadamente os produtores agrícolas franceses e segmentos da indústria brasileira e até dos vinhos nacionais e argentinos. Há o risco de que algum lobby, nos bastidores e nas campanhas eleitorais, possam frear os quatro anos de redução gradual das tarifas alfandegárias que hoje inibem as transações entre as duas áreas comerciais.


É fartamente semeada no Brasil a ideia de que o fechamento de mercados protege a produção nacional. A experiência brasileira mostra que restrições pontuais às importações de tempos em tempos servem a grupos reduzidos do empresariado, sempre aqueles que são bem relacionados em Brasília. O resultado prático é que, enquanto poucos entopem seus caixas, o consumidor, tanto o cidadão como a pequena ou média empresa, paga a conta: leva um produto mais caro e defasado tecnologicamente.


A abertura de mercado não é ceifadora da iniciativa privada nacional. Por meio da concorrência, ela estimula a eficiência e a inovação. Para essa competição, é claro, é preciso que a mão de obra seja capacitada e que a infraestrutura se mostre com os investimentos em dia. É urgente também democratizar o acesso ao crédito, que ainda está muito caro. 


Entretanto, também não se pode ser inocente a ponto de escancarar as portas do País para gigantes externos, muitas vezes monopolizadores, protegidos em suas terras e que por aqui chegarão com muito capital para comprometer a livre concorrência. Assim, troca-se o protegido nacional pelo externo, perpetuando produtos e serviços de má qualidade para a população.


A economia brasileira está entre as mais fechadas do mundo e paga um preço caro por isso. Hoje, quem quer exportar muito tem que importar bastante também. Daí a briga dos Estados Unidos com a China. Além disso, observando-se a maioria dos emergentes, o modelo de crescimento deles tem se baseado no comércio exterior, exportando o que têm de melhor e importando o que são ineficientes para produzir. Coreia do Sul, Chile, México e a própria China são exemplos disso.


Já o Brasil sonha entrar em todos os segmentos simultaneamente, mas não há capital e estrutura suficiente para essa estratégia. Por aqui, perde-se muito tempo em discussões ideológicas sobre a abertura do mercado, se ela é de esquerda, direita ou liberal. Os acordos comerciais precisam ser vistos como uma iniciativa de Estado e não de grupos políticos, sobrevivendo à troca de governos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter