Inflação médica

Reajuste de preços de planos de saúde é um dos maiores problemas para usuários

Por: Da Redação  -  13/01/20  -  19:30

Um dos mais sérios problemas que afligem atualmente os usuários de planos de saúde no Brasil diz respeito aos reajustes anuais de seus preços. No caso de planos individuais, que representam cerca de 20% do total, as correções são determinadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo que, em 2019, o percentual máximo de reajuste foi fixado em 7,35%.


Já nos planos empresariais, que representam a maioria (80% do total), os aumentos anuais são livres e negociados entre os convênios e as firmas contratantes.


Em 2019, a ANS adotou nova metodologia de cálculo que combina a variação dos custos assistenciais com a do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retirando-se desse último o Índice Plano de Saúde. Ainda assim, o reajuste autorizado para os planos individuais acabou sendo o dobro da inflação anual no País. No caso dos planos coletivos, a situação é bem pior, com reajustes que vêm se situando entre 15% e 20% nos últimos anos.


Os convênios médicos alegam que apenas repassam os altos custos do setor. A inflação médica, que mede os preços dos serviços médico-hospitalares, tem registrado variações anuais entre 17% e 19% desde 2015, e embora esteja prevista uma queda de 2% para 2020, fixando a inflação médica em 15%, ela representa quatro vezes a variação de preços medida pelo IPCA.


A elevação dos custos médico-hospitalares é muito alta no País. Ela atinge o dobro da média global (8% para 2020), com 13,1% na América Latina, 6,4% na América do Norte e 5,7% na Europa. Várias empresas brasileiras, que são responsáveis pelo pagamento (total ou parcial) dos planos, vêm buscando alternativas, e assumindo a administração do convênio médico e a saúde de seus funcionários. Esse movimento, porém, é tímido e ainda restrito às grandes companhias nacionais.


Além da inflação médica, os planos consideram, no momento dos reajustes, a frequência de uso do convênio, que vem aumentando nos últimos anos: a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) calcula que, entre 2013 e 2018, houve crescimento anual de 5,4% na utilização dos planos de saúde. Isso preocupa, porque o Brasil não atingiu ainda patamares elevados de envelhecimento da população.


O problema é complexo. O avanço da medicina tem criado novos tipos de exames e, por outro lado, programas de prevenção a doenças não avançaram até agora de modo significativo no Brasil. Falta ainda um prontuário médico unificado no País, que mostre o histórico de cada paciente, evitando assim a repetição de exames e procedimentos.


O desafio é grande, porque há claro limite aos reajustes de planos de saúde. São necessárias ações efetivas que, sem sacrificar a qualidade do atendimento, possam, de fato, baixar a inflação médica, condição fundamental para a sustentabilidade dos planos de saúde.


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