Impasse na ocupação dos hospitais

Espera-se que as autoridades municipais e estaduais ampliem os canais de comunicação para evitar conflitos desnecessários

Por: Da Redação  -  13/05/20  -  12:01

Se em tempos pré-pandemia o fluxo de pacientes entre as cidades da região gerava tensão devido aos custos, aliás cobertos insuficientemente pelo orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS), é previsível que o recebimento de doentes com covid-19 da Grande São Paulo preocupe os prefeitos da Baixada Santista. A aceitação de casos pontuais, por uma questão solidária, merece aprovação, mas a vinda sistemática não, porque poderá chegar a hora em que não haverá vagas nem para moradores locais.


A chegada de pacientes com coronavírus de outras regiões é reflexo do esgotamento da capacidade de hospitais notadamente da Capital. Conclui-se que a transferência desses doentes para a Baixada segue critério meramente logístico, da proximidade geográfica. Mas isso não tem sentido e está longe de ser a melhor solução, considerando que em Santos a ocupação já é de 80%. Além disso, as autoridades médicas já divulgaram que a incidência local adquiriu ritmos preocupantes e mais acentuados do que em outros pontos do Estado.


O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, demonstrou claramente incômodo com a transferência de pacientes de outras regiões para o Litoral. Não se trata de pensar em bloqueio ou alguma outra medida mais radical, afinal as cidades que são consideradas centros regionais recebem verbas federal e estadual para suportar demanda extra, mesmo que haja uma reclamação antiga de que elas são insuficientes. O problema do momento é que há uma forte pressão da pandemia da covid-19, que têm reflexos perversos para o sistema de saúde. A transmissão do novo coronavírus é muito rápida e os infectados sintomáticos que precisam ser internados exigem retaguarda de UTI e ocupam o mesmo leito por pelo menos três semanas em média. O custo financeiro de pessoal e de infraestrutura é gigantesco e exige uma grande capacidade de administração e de bom senso.


Se as cidades da região se mostram com uma infraestrutura disponível para apoiar o colapso da rede hospitalar pública e privada da Capital é preciso que a Baixada conte com mais recursos do que o Estado afirma que tem enviado Litoral. Infelizmente, não se vê muito a participação do Ministério da Saúde nessa desafiadora engrenagem da sustentação da distribuição de pacientes para vagas hospitalares. Como poder central, seria interessante que a pasta funcionasse como modelo orientador e de definição de protocolos, com um sinal de liderança perante um sistema de saúde tão atordoado por tão grave pandemia.


Espera-se que as autoridades municipais e estaduais ampliem seus canais de comunicação para evitar conflitos administrativos desnecessários. Deve-se pensar também que a própria Baixada Santista poderá precisar do socorro de outras regiões se o novo coronavírus avançar mais rapidamente por aqui em etapa posterior à da Capital. A solidariedade é indispensável nesse momento.


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