IDH municipal cresceu em 2017

Não se deve, porém, superestimar os resultados do IDHM. Eles são limitados e parciais

Por: Da Redação  -  21/04/19  -  20:43

De modo inesperado, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil teve leve alta em 2017, em função de melhorias na educação e no aumento da longevidade da população. Diante da recessão que atingiu o País entre 2015 e 2016, a expectativa era de piora da situação, que acabou não se confirmando.


O conceito de desenvolvimento humano foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com a criação de um índice que fosse além das taxas de crescimento econômico, como avanço do PIB, que pode não refletir o bem-estar das sociedades. Assim, foi criado o IDH, medida composta por três dimensões: longevidade, educação e renda, que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano.


O IDHM aplica essa metodologia na realidade dos municípios e, assim, reflete as especificidades e desafios regionais no alcance de desenvolvimento humano no Brasil. O IDHM Brasil subiu de 0,776 para 0,778 entre 2016 e 2017, mantendo o País na faixa de alto desenvolvimento humano. Dos três itens que compõem o índice, a renda recuou, passando de 0,748 para 0,747, em função da queda da renda média per capita de 0,92% (de R$ 842,04 para R$ 834,31). Com isso, a proporção de pessoas vulneráveis à pobreza cresceu 0,5 ponto percentual, atingindo 25% da população brasileira.


Esse efeito negativo foi contrabalançado pelo aumento da longevidade, de 0,845 para 0,850, puxado pelo crescimento da esperança de vida ao nascer de 75,72 anos para 75,99, na média do País; e pelo avanço do IDH Educação de 0,739 para 0,742. Isso aconteceu em função da elevação do índice que mede a frequência escolar, uma vez que a escolaridade permaneceu praticamente a mesma: 64,4% da população adulta tinha o fundamental completo em 2017, contra 64,3% em 2016.


Não se deve, porém, superestimar os resultados do IDHM. Eles são limitados e parciais – não analisam aspectos detalhados de saúde e educação – mas revelam, no caso dos municípios, que persistem grandes desigualdades entre sexo, cor e regiões do País. Há disparidades entre estados – Alagoas teve IDHM de 0,683, enquanto o Distrito Federal alcançou 0,850 – enquanto a renda dos brancos em 2017 era quase duas vezes maior que a renda dos negros, fazendo que o IDHM da população branca fosse 0,817 e a da população negra ficasse em 0,732. O componente referente à renda entre as mulheres foi 0,660, muito abaixo da alcançada pelos homens (0,814).


A conclusão é que, embora educação e longevidade tenham apresentado melhoras (no caso da educação, isso é muito discutível, tendo em vista a péssima qualidade do ensino no País, não medida no índice), a renda recuou em função da crise econômica, impedindo um progresso mais consistente.


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