IDH e desigualdade

Apesar do Brasil ter melhorado seu Índice de Desenvolvimento Humano, ainda há aspectos desiguais que precisam ser extintos

Por: Da Redação  -  10/12/19  -  16:43

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou o Relatório sobre Desenvolvimento Humano de 2018, mostrando que o Brasil melhorou ligeiramente seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): passou de 0,760 para 0,761. Isso, porém, não impediu que o país caísse uma posição na lista global do índice, do 78º para o 79º lugar na classificação que engloba 189 nações.


Não há dúvida que o Brasil teve crescimento contínuo desde 1990. O IDH passou de 0,613 para 0,761 (alta de 24%), com avanços na esperança de vida ao nascer, na média de anos de estudo e na renda nacional bruta per capita, apesar desses indicadores praticamente estagnarem desde 2015.


Embora o Brasil esteja situado na faixa considerada de alto IDH, está ainda muito abaixo dos países desenvolvidos e, na América Latina, ficou atrás do Chile, Argentina e Uruguai (todos na classificação de IDH muito alto) e empatado com a Colômbia.


O IDH mede o desenvolvimento de um país em três dimensões: saúde, educação e renda da população. Neste ano, houve mudanças: novas abordagens foram feitas englobando a desigualdade. O tema do relatório foi 'Além da Renda, Além das Médias, Além do Hoje: Desigualdades do Desenvolvimento Humano no Século XXI', enfatizando que, além das necessidades básicas não atendidas em muitos países, a desigualdade é fator que agrava a situação.


O recente relatório traz ainda preocupações com duas questões-chave para este século: a mudança global do clima e as transformações tecnológicas. A crise climática, para oPnud, está atingindo especialmente os mais pobres, enquanto os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, podem deixar para trás grupos inteiros de pessoas, até mesmo países, denotando um cenário de “emergência global”.


Quando o IDH no Brasil é ajustado à desigualdade, o País despenca na classificação, perdendo 23 posições, e o índice cai para 0,574, perda de 24,5%, passando à categoria de desenvolvimento humano médio. Contribuem para esse desempenho as desigualdades nas dimensões renda (36,7%), educação (23,8%) e longevidade (10,9%).


A distribuição de renda é particularmente grave. O País fica na penúltima colocação no mundo, só à frente do Catar quanto à concentração: a parcela formada pelo 1% mais rico fica com 28,3% da renda total, enquanto os 10% mais ricos concentram 41,9% dela.


Há ainda profundas diferenças entre homens e mulheres: a renda feminina é, em média, 42% menor que a masculina, embora a esperança de vida ao nascer delas, bem como seus anos esperados de escolaridade, sejam maiores do que os deles. Não basta, portanto, melhorar saúde, educação e renda no Brasil.


O desafio de superar as desigualdades é ainda maior, demonstrando o longo caminho que o País precisa percorrer nos próximos anos.


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