Futuro do petróleo

Especialistas afirmam que país será um dos pilares da sustentação do crescimento da oferta mundial do produto até 2030, atrás apenas dos Estados Unidos

Por: Da Redação  -  03/11/19  -  11:44
Atualizado em 03/11/19 - 12:17

Não se trata de ufanismo exagerado, como aconteceu logo após as descobertas das jazidas de petróleo e gás no pré-sal brasileiro. O momento atual é outro, e grandes especialistas não hesitam em afirmar que o país será um dos pilares da sustentação do crescimento da oferta mundial de petróleo até 2030, atrás apenas dos Estados Unidos.


Essa é a opinião do diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Faith Birol, para quem o Brasil "veio para ficar" como um dos principais supridores da commodity no mundo, confiando que o megaleilão dos excedentes da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro, será "certamente um dos maiores da história do setor", apesar da saída da BP e Total do certame.


As perspectivas são, de fato, animadoras. As jazidas do pré-sal brasileiro representam o que há de mais atrativo na indústria mundial de óleo e gás. Além das enormes reservas, deve ser ressaltada a produtividade dos campos offshore nacionais, nos quais um poço pode chegar a 60 mil barris diários, cinco vezes mais do alcançado no Golfo do México, que se situa entre 12 e 13 mil barris por dia.


Na avaliação positiva dos especialistas internacionais, contam também as mudanças regulatórias que foram promovidas em 2016, que acabaram com a exclusividade da Petrobras ser a operadora única do pré-sal e abriram espaço para outras empresas, que passaram a investir nos leilões que têm sido promovidos, seguidas de alterações nas exigências de conteúdo local nos contratos, que teriam sido melhor equilibrados de modo a atender às necessidades do Brasil, mas sem tornar impossível produzir a custo competitivo.


As tensões no Oriente Médio, que levaram a um atentado terrorista à maior refinaria do mundo, a Saudi Aramco, fizeram com que cresça o interesse internacional pelas reservas brasileiras. A AIE estima que o país irá acrescentar mais 1,2 milhão de barris diários à oferta global até 2024, representando um aumento de 45% em relação aos níveis produzidos em 2018.


A produção deve crescer também no gás natural, visto como um combustível que emite menor quantidade de dióxido de carbono, gás de efeito estufa que contribui para o aquecimento global. A questão ambiental deve ser considerada no planejamento futuro: embora a demanda por petróleo não vá desaparecer rapidamente, é fora de dúvida que a petroleiras terão que usar seus conhecimentos técnicos e recursos financeiros na mudança gradual em direção às energias renováveis e à economia de baixo carbono.


Esse é o grande desafio que se coloca à exploração e produção de petróleo e gás no Brasil: seguir em expansão - afinal, o mundo vai ter que produzir 40 milhões de barris diários a mais em 2040 para responder ao crescimento da demanda - mas também preparar-se para uma nova realidade, realizando a transição energética que será cada vez mais exigida.


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