Escola de políticos

Organizações articulam-se para formação de líderes e o número de candidatos e eleitos

Por: Da Redação  -  20/11/19  -  19:07

Há vários movimentos políticos que surgiram no País nos últimos anos como alternativa ao sistema de partidos vigente. Tudo isso decorreu, principalmente, da falência das legendas atuais. Há um número excessivo delas (há 32 registradas no Tribunal Superior Eleitoral e mais de 70 à espera da oficialização), sem que representem, na sua maioria, ideologias ou propostas definidas. Estão, enfim, desacreditadas junto à população.


Nesse vácuo, desde os protestos de 2013, surgiram organizações com diferentes origens, que se propõem a articular interesses e mobilizar a vontade coletiva. Várias delas apostam nas eleições municipais do próximo ano para ampliar sua força e, de olho nas disputas, articulam-se para a formação de líderes e o número de candidatos e eleitos para os cargos de prefeito e vereador.


O RenovaBR, que tem o apresentador e possível pré-candidato à Presidência em 2022, Luciano Huck, entre seus apoiadores, está realizando cursos para aqueles que pretendem disputar cargos em 2020, e multiplicou o número de alunos, passando de 133 no ano passado para 1.400 agora. Outros movimentos, como a RAPS, fizeram longo processo de seleção interna de nomes para que tenham sua chancela na disputa municipal. E a intenção é ampliar a força de todos: o Livre, que defende o liberalismo, pretende dobrar o número de eleitos na comparação com 2018, e o Acredito, do qual faz parte a deputada Tabata Amaral (SP), tem a mesma intenção. O movimento visa alcançar 10% da composição do Congresso Nacional em dez anos, e a estratégia é preparar lideranças no nível municipal.


O curso oferecido pelo RenovaBR tem parte presencial e outro à distância. É gratuito – taxa de adesão é cobrada, mas o valor é devolvido ao final – e mais de 31 mil pessoas se inscreveram neste ano, contra apenas quatro mil em 2018. Foram selecionados 1.400 alunos, dos quais 60% estão filiados a partidos, representando 30 legendas.


É positivo que se busque preparar candidatos e capacitá-los a exercer os diferentes cargos em disputa. Não se deve, entretanto, concluir que a política é uma atividade técnica, desenvolvida por pessoas treinadas e aptas à função. Os movimentos atuais têm ainda um desafio: eles não podem manter-se tão amplos, abrigando diferentes correntes ideológicas, selecionando os "melhores" para que concorram em eleições.


A renovação em curso traz novas perspectivas para a atividade política no Brasil e deve prosseguir ainda mais. Rompe a dominação tradicional dos caciques partidários e inova nos conceitos e práticas. Estimula novas lideranças a participar, introduz na agenda temas e questões importantes, deixadas de lado pelo modelo tradicional. 


As novas organizações não podem ficar fora do processo: elas precisam, enfim, politizar-se, na verdadeira acepção da palavra. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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