A proposta de criar, no casarão que abrigou o Instituto Escolástica Rosa, um hotel escola de luxo, voltado a formar mão de obra especializada em turismo, alta gastronomia e restauração de imóveis históricos, merece ser considerada e levada adiante. Apresentada pelo governador João Doria, garantiria não apenas a recuperação do antigo prédio como daria a ele novo uso, capaz de proporcionar desenvolvimento à cidade e região.
A ideia vai ao encontro ao testamento de João Octávio dos Santos, proprietário da área que, em 1899, destinou-a a abrigar um instituto destinado à educação intelectual e profissional de meninos pobres, sob a administração da Santa Casa de Misericórdia. Daí nasceu o Instituto Escolástica Rosa (homenagem à mãe de João Octávio), considerado a primeira escola profissionalizante do País, inaugurada em 1908.
Seu mau estado de conservação fez com que o Ministério Público do Trabalho exigisse a paralisação das atividades ali desenvolvidas - Escola Técnica (Etec) e Faculdade de Tecnologia (Fatec) - e o contrato de locação entre a Santa Casa e o Estado foi encerrado em 2018. Desde então o imóvel está desocupado, sem destinação à vista, em processo de deterioração.
Revitalizar o espaço é fundamental. Ele constitui patrimônio histórico e cultural da região, mas, para que isso aconteça, é preciso definir seu uso futuro. Um hotel escola é ótima ideia, que se coaduna com a vocação turística da região. Há exemplos no Estado de São Paulo: sob a administração do SENAC, funcionam os Grandes Hotéis de Águas de São Pedro e Campos do Jordão, ambos oferecendo cursos de formação na área e recebendo milhares de hóspedes durante todo o ano, com excelente nível de qualidade.
Desenvolver esse projeto é grande desafio. A proposta é realizá-lo com recursos da iniciativa privada, que assumiria o espaço, responsabilizando-se pela sua reforma e adequação, e instalando ali cursos profissionalizantes a jovens carentes (conforme vontade expressa de João Octávio dos Santos) e pagando aluguel à Santa Casa de Santos, somando-se a eles o uso comercial do espaço, com hotel aberto ao público em geral e atividades correlatas, como bares, restaurantes e lojas comerciais.
Não será simples concretizar essa proposta. Ela exige grande volume de recursos financeiros, expertise na área, e só será bem sucedida se planejada e executada com o necessário rigor e cuidado. Ela se afigura, entretanto, como viável e exequível, acompanhando outros exemplos já existentes. Um hotel escola de padrão internacional implantado no antigo Escolástica Rosa seria ainda o divisor de águas para o turismo regional, que passaria a ocupar papel de destaque no País (e até no exterior), contribuindo, de modo decisivo, para o desenvolvimento econômico da Baixada Santista.