Energia limpa

Os investimentos em tecnologia e a expansão do uso da energia eólica e solar fizeram com que seus preços tenham caído nos últimos anos

Por: Da Redação  -  18/03/20  -  18:58

As mudanças climáticas aceleraram, em todo o mundo, a busca por energias renováveis, capazes de substituir os combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás. Esse movimento, embora não tenha atingido a intensidade necessária, foi percebido em várias áreas, como no desenvolvimento da energia eólica e solar e na crescente utilização dos biocombustíveis.


As recentes quedas do preço do petróleo, a partir da crise mundial desencadeada pelo coronavírus, que foi agravada pelas disputas entre Rússia e Arábia Saudita, podem ter profundas consequências para a adoção de fontes de energia mais limpas, retardando sua expansão. Petróleo barato faz com que a demanda por veículos elétricos diminua, tornando-os menos atrativos para os consumidores, pelo menos no curto prazo. O mercado mundial de automóveis elétricos já sofreu desaceleração em 2019, em função do menor interesse na China e na América do Norte, e isso deve prosseguir, e ser intensificado, em 2020.


Baixos preços do barril de petróleo ameaçam a produção do xisto norte-americano, e podem comprometer os planos de exploração no pré-sal brasileiro. Há um valor mínimo para que essas produções sejam viáveis, e ele foi atingido, e até superado, na última semana. Fica cada vez mais complicada a realização de investimentos em novos projetos, mas isso não significa a queda no consumo. Pelo contrário, ele pode ainda aumentar ainda mais: o baixo preço da gasolina e do óleo diesel reforça a matriz logística baseada no transporte rodoviário, adiando projetos de infraestrutura alternativos, como ferrovias e hidrovias.


Mas os maiores riscos estão no desenvolvimento da energia limpa. Embora vários países, especialmente na União Europeia, tenham definido metas ambiciosas para reduzir as emissões líquidas para zero nas próximas décadas, o prolongamento da crise pode afetar as mudanças previstas. Há, portanto, grande desafio à frente que consiste em manter os compromissos diante da saída mais fácil proporcionada pelo petróleo com valor mais baixo.


Os investimentos em tecnologia e a expansão do uso da energia eólica e solar fizeram com que seus preços tenham caído nos últimos anos, tornando mais competitiva sua utilização regular, e, como consequência, reduzido o tamanho dos subsídios governamentais. Esse ciclo virtuoso, que se configurava, está agora ameaçado e pode haver recuos sensíveis nos investimentos em energia limpa em todo o planeta.


Notava-se, por parte das grandes petroleiras mundiais, crescente interesse em diversificar sua produção, com investimentos importantes delas em fontes renováveis. A pergunta que deve ser feita agora é se, com o barril de petróleo a US$ 30, essa situação será mantida. A esperança é que esse cenário possa ser revertido em pouco tempo, mas as incertezas cresceram.


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