Dificuldades na educação

Analfabetos no Brasil continuam acima da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação

Por: Da Redação  -  23/11/19  -  10:57
Atualizado em 23/11/19 - 11:26

Houve avanços no acesso à escola nos últimos anos no Brasil. O ingresso nos anos iniciais está praticamente universalizado, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. Em 2017, o atendimento escolar atingia 99,2% da população com a faixa etária adequada (6 aos 14 anos). Os investimentos em educação atingem 5,7% do PIB, percentual maior do que a média dos países desenvolvidos, embora o País gaste, em comparação, pouco por aluno: US$ 4.450 anuais, 54% menos do que a média das nações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Persistem, contudo, problemas graves na educação brasileira. Em 2018, havia 11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais, taxa de 6,8%, acima da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação para 2015, que era 6,5%, tornando difícil cumprir o objetivo de erradicar o analfabetismo no País até 2024. O mais grave, porém, é o elevado número de analfabetos funcionais, que são aqueles incapazes de entender e se expressar por números e letras: são 38 milhões de pessoas, 29% da população entre 15 a 64 anos.


Há grave deficiência de qualidade na educação brasileira. No teste internacional Pisa, realizado a cada três anos com jovens de 15 a 16 anos, o desempenho tem sido péssimo. Na última edição, de 2015, o País ficou na 63ª posição em matemática (entre 70 países avaliados), 65ª em Ciências e 58ª em Leitura. 


De lá para cá, não houve avanços. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, antecipou-se à divulgação oficial dos resultados de 2018, e declarou que o Brasil deve cair no Pisa e ficar em último lugar na América Latina. Persiste a difícil situação, indicando que há longo caminho a percorrer para que a educação cumpra, de fato, seu papel no País.


O problema é grave e tem consequências culturais, sociais e econômicas. Imensa quantidade de pessoas é praticamente excluída. Sem conhecimentos básicos, são obrigadas a aceitar empregos de baixa qualidade, sem perspectiva de evolução, com salários muito reduzidos. A produtividade nacional segue em patamares inferiores, comprometendo a competitividade no exterior.


Trata-se de problema estrutural que exige abordagem ampla: investimentos, formação de professores, que precisam receber melhor remuneração, novos modelos de currículo, adaptados aos novos tempos, maior envolvimento familiar no processo de formação. Não se devem buscar respostas fáceis e erradas, como fez o ministro da Educação, ao atribuir a situação a "16 anos de PT e de abordagens esquerdistas".


As dificuldades são antigas e todos os governos anteriores têm responsabilidade. Mas ideologizar a questão não é a saída: ao contrário, é necessário trabalho e investimento de longo prazo para mudar o quadro da educação no Brasil. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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