Decisiva variável econômica

Variável econômica nem sempre é considerada na análise sobre a continuidade do governo, mas é decisiva

Por: Da Redação  -  03/11/19  -  17:15

Especula-se sobre a instabilidade política do governo do presidente Jair Bolsonaro. Sua postura, com atitudes duras e confrontadoras, divide opiniões, e pesquisas mostram o eleitorado dividido em três grupos equivalentes. Há quem apoie o governo, de modo incondicional; há aqueles que o rejeitam, considerando-o ruim ou péssimo; e fica uma parcela intermediária que, de maneira ambígua, o classifica como regular.


O presidente não tem maioria no Congresso. A recente briga com seu partido, o PSL, isolou-o ainda mais, e a aprovação de seus projetos depende do chamado Centrão, grupo de partidos que, segundo o próprio presidente, praticam a "velha política". A todo instante surgem crises, algumas graves, outras irrelevantes, mas que são marcadas pela retórica agressiva contra inimigos e adversários, com exageros flagrantes.


O peso do núcleo próximo ao presidente, que envolve principalmente seus filhos, é grande e influencia decisões e atitudes. O uso das redes sociais segue a lógica do confronto e exagera nas abordagens, como foi no recente episódio do vídeo que exibia um leão (o presidente Bolsonaro) atacado por hienas (como o STF, a OAB, a imprensa em geral, e o próprio PSL).


O discurso é forte e agressivo, seja no ataque ou na defesa, quando acusado ou confrontado. Não há moderação nem esforços para conciliar com quem quer que seja. Esse padrão de comportamento divide e isola, e torna o presidente e seu governo mais vulneráveis, e questiona-se o futuro do governo.


O presidente, embora tenha perdido popularidade, não é rejeitado pela população. Há uma parcela fiel, que concorda com suas ideias, e cerra fileiras em torno dele. E deve ser considerado que outros tantos raciocinam pragmaticamente: podem discordar do discurso, mas vêem nele perspectiva de mudança efetiva da política e da economia nacional.


A variável econômica nem sempre é considerada na análise sobre a continuidade do governo. Mas ela é decisiva, e é preciso levar em conta o atual ambiente: inflação baixa e controlada; taxa de juros nos menores níveis da história, favorecendo o crédito; reformas em andamento. A recuperação econômica tem sido lenta e gradual, mas é cada vez mais percebida.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta semana que o País já voltou a crescer, e o ritmo deve acelerar até 2020, em ciclo considerado como autossustentável. Seu prognóstico é que o PIB deve avançar entre 2,0% e 2,5% no próximo ano, mais do que o dobro da taxa de 2019, que deve ficar em torno de 0,9%.


A continuidade das reformas, a redução do desemprego e a maior confiança de empresários e consumidores têm consequências políticas. É nisso que se sustenta o governo: apesar de excessos e confrontos a todo instante, ele poderá ser garantido pelo desempenho econômico.


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