Cresce a subutilização

Taxa de subutilização da mão de obra, que soma desempregados, aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais e os desalentados, cresceu para 25%

Por: Da Redação  -  04/05/19  -  13:23

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo IBGE e relativos ao primeiro trimestre de 2019, mostraram piora na condição do emprego no país. Os números devem ser analisados não apenas como informações sobre a atividade econômica nacional - na realidade, eles são reveladores de grave e séria crise social.  


A taxa de desemprego subiu para 12,7% (no trimestre anterior, encerrado em dezembro, era de 11,6%), e constatou-se que 13,4 milhões de pessoas procuravam emprego no período, alta de 10,2% em relação ao trimestre passado. Um dado merece atenção especial: a taxa de subutilização da mão de obra, que soma desempregados, aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais e os desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego), cresceu para 25%, significando que um em cada quatro trabalhadores brasileiros está nessa condição.


Há 28,3 milhões de pessoas subutilizadas no País, o maior índice desde o início da série histórica da Pnad Contínua. Na comparação com o trimestre encerrado em dezembro, houve alta de 5,6%, com mais 1,5 milhão de pessoas nessa condição. Levando em conta o quadro há um ano (1º trimestre de 2018), a subutilização aumentou 3%, representando mais 819 mil trabalhadores.


Diante das dificuldades econômicas - a recuperação segue em ritmo lento, sem perspectivas para este ano; a taxa de crescimento é revisada sistematicamente, com projeções que ficará entre 1% e 1,5% em 2019, repetindo os medíocres resultados de 2017 e 2018; a reforma da Previdência enfrenta muitos obstáculos no Congresso - não se poderia esperar que o emprego apresentasse um quadro muito melhor. Some-se a isso o fato que a base de comparação anterior - o último trimestre de 2018 - foi período de contratações (Black Friday, festas de fim de ano, férias de verão), e é natural que haja demissões principalmente daqueles que foram admitidos em caráter temporário.


Os dados mostram, ainda, que não houve efetivação desses contratados, exatamente em função da incerteza generalizada com os rumos da economia. Prossegue o quadro preocupante, agravado pela natureza dos poucos empregos que são gerados, a maioria deles no setor informal. Segundo a Pnad Contínua, 39,5 milhões de trabalhadores encontravam-se na informalidade no primeiro trimestre deste ano, correspondendo a 43% da população ocupada.


O emprego informal é incerto, com renda inferior ao trabalho com carteira assinada, e representa problema social, além de contribuir, de maneira decisiva, para que a produtividade não avance no País. A única saída para o drama do desemprego é o crescimento econômico sustentável, com ambiente de confiança para investir, que, infelizmente, ainda continua distante, para desespero de milhões.


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