Corretores de vagas

Nova atividade profissional está em desenvolvimento no país

Por: Da Redação  -  12/01/20  -  17:15

Nova atividade profissional está em desenvolvimento no país. São os vendedores de cursos universitários, pessoas que atuam de modo semelhante a um corretor de seguros, captando clientes interessados para as instituições de ensino privadas.


O modelo está em franca expansão, já existindo 14,7 mil vendedores inscritos na plataforma Saber em Rede, startup de educação criada em 2017 que conecta esses profissionais às faculdades e universidades, que, por sua vez, disponibilizam vagas nesse canal.


Nada há de ilegal nesse trabalho. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), em 2018, as instituições privadas superiores de ensino tinham 364 mil vagas remanescentes na graduação presencial, que não foram preenchidas nos vestibulares realizados, justificando a busca de soluções alternativas para atrair novos alunos.


Esse número é consequência da queda ocorrida entre 2015 e 2018, auge da recente crise econômica, estimada em 20%, somando novos alunos e evasão. Nesse período, o volume total de alunos matriculados em cursos presenciais privados caiu 7,5%, para 6,3 milhões, devido a dificuldades econômicas dos estudantes, que impossibilitaram o pagamento das mensalidades, e à redução do Fies, programa de financiamento estudantil do Governo Federal.


Em 2019, cerca de 2,8 mil alunos fizeram matrículas por meio da plataforma Saber em Rede, que pagou R$ 100 mil em comissões para os vendedores, remunerados com percentual da primeira mensalidade (geralmente 50% de seu valor), ficando o restante com a startup.


Esse modelo vem atraindo a atenção de investidores, como a gestora de private equity Kinea e o Grupo A, dono de editoras de material didático e plataformas de ensino. Em setembro, os dois grupos adquiriram 51% da startup, realizando investimento de R$ 2 milhões para sua expansão.


Preocupa, entretanto, que o Ensino Superior no Brasil esteja se transformando em negócio, cujo único objetivo é o lucro das empresas. Várias fusões e aquisições aconteceram nos últimos anos, e a área é hoje dominada por poucos grupos, com capital aberto na bolsa de valores.


O principal deles, Kroton, reúne as marcas Anhanguera, Unopar e Pitágoras, teve faturamento líquido de R$ 5,380 bilhões em 2017, com 841,3 mil matrículas em cursos presenciais e a distância, seguido pela Estácio, com R$ 3,379 bilhões (441,7 mil matrículas) e Unip, com R$ 2,418 bilhões (417,4 mil matrículas).


Instituições privadas de ensino devem ter sustentabilidade econômica. Mas nota-se que o atual predomínio de grandes grupos não tem implicado em melhoria na qualidade da formação, muito menos em pesquisa e extensão. Mais do que buscar vender cursos com técnicas de marketing valeria investir em políticas de financiamento efetivo dos alunos. Não é, infelizmente, o que vem acontecendo no Brasil.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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