Não sem um estresse gigantesco na reta final, o Brasil encerrou na madrugada de hoje a apuração dos votos em todos os municípios brasileiros. O estresse tem nome: falha no sistema de transmissão de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que retardou o início da divulgação dos votos e jogou críticas a um sistema de apuração que havia se transformado em modelo para outros países. Segundo o presidente do TSE, ministro Luiz Roberto Barroso, o problema foi exclusivamente técnico e do próprio tribunal, isentando, portando, os tribunais regionais de qualquer responsabilidade. Que se corrija o problema para que o segundo turno, no próximo dia 29, siga com mais tranquilidade.
Feita a observação, cumpre-se dizer que esta foi uma eleição diferente, com resultados diferentes, cenários políticos diferentes e que merecerão análises mais apuradas ao longo das próximas semanas. A começar pela Capital, onde o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), dividirá espaço na urna com o candidato Guilherme Boulos (PSOL), o mesmo que conquistou insignificantes 0,58% dos votos em 2018, quando concorreu à Presidência da República. Do discurso mais radical e com propostas sem consolidação, Boulos aprimorou seu plano de governo, extraiu de estudiosos em marketing político uma postura mais suave, mas sem perder sua essência, com foco nas questões sociais e igualitárias.
Da Capital para a Baixada Santista, as surpresas também se fizeram presentes. Em São Vicente, até o fechamento desta edição, na madrugada de hoje, com 99% das urnas apuradas, Solange Freitas (PSDB) segue para o segundo turno com o jovem Kayo Amado (Pode). É a segunda vez consecutiva em que a cidade de São Vicente não reelege seu prefeito. Há quatro anos, Luiz Cláudio Billi (PTB) perdeu para o atual prefeito, Pedro Gouvêa (MDB). Um recado importante que o cidadão vicentino passa para a classe política, de insatisfação que se transforma em rejeição nas urnas.
Outro resultado importante está em Praia Grande, que terá segundo turno pela primeira vez desde que alcançou status para isso, ultrapassando a marca de 200 mil eleitores. Raquel Chini (PSDB), apoiada pelo atual prefeito, Alberto Mourão, disputará votos com o candidato Danilo Morgado (PSL).
Para um ano atípico como este, com um processo eleitoral ocorrendo em meio à pandemia do coronavírus, não faltaram emoções, todas elas parte de um desenho democrático que vem sendo aprimorado há três décadas. A partir de agora, começa uma nova eleição para as cidades onde ocorrerão segundo turno, com tempos iguais na propaganda eleitoral gratuita. Começa, também, uma análise mais apurada do desempenho de cada pleiteante, especialmente aos executivos, com vistas ao pleito de 2022.
No geral, pode-se dizer que o saldo foi positivo para o processo democrático, com algumas certezas caindo por terra, e os inusitados ganhando espaço.
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