Calor na Austrália

Queimadas já entram como um dos maiores desastres recentes no planeta

Por: Da Redação  -  10/01/20  -  20:11

A onda de incêndios na Austrália constitui um dos maiores desastres recentes do planeta. Pelo menos 8 milhões de hectares foram atingidos, área superior ao território da Áustria, e até a última quarta-feira, 26 mortes já haviam sido confirmadas.


Foram destruídos milhares de prédios e um bilhão de animais morreram nos incêndios em todo o território australiano, incluindo mamíferos, aves e répteis, com destaque para a perda de coalas - um terço da população desses marsupiais foi dizimada pelas chamas na floresta.


Cientistas de todo o mundo apontam que os violentos incêndios têm origem nas mudanças climáticas. Embora as florestas australianas estejam naturalmente propensas à ocorrência natural do fogo, a região foi afetada por dois fenômenos típicos das alterações climáticas: secas prolongadas e temperaturas cada vez mais altas.


Dados oficiais indicam que 2019 foi o ano mais seco, com as temperaturas mais elevadas da história do país. Destaque-se que a comunidade científica vinha alertando, desde 2007, para a vulnerabilidade da Austrália a incêndios florestais. Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) indicava, naquela data, sobre a probabilidade de aumento no perigo de incêndios no continente, associado a um intervalo menor entre os eventos, maior intensidade do fogo e propagação mais rápida das chamas.


É trágico que o atual primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, do Partido Conservador, se alinhe entre aqueles que negam que o aquecimento da atmosfera seja um problema.


Não se admite, à luz das atuais evidências científicas, que autoridades rejeitem argumentos que já se tornaram consenso sobre o aquecimento global por ação humana nas últimas décadas. Trata-se de irresponsabilidade grave, cujas consequências podem ser dramáticas para milhões de pessoas, como a atual situação da Austrália demonstra.


Eventos extremos têm sido frequentes em todo o mundo. O número de catástrofes naturais de origem climática e meteorológica duplicou nos Estados Unidos nos últimos dez anos, e seus custos dispararam para US$ 800 bilhões, de acordo com relatório divulgado pelo governo norte-americano nesta semana.


Entre 2010 e 2019 houve 119 catástrofes, como enchentes, furacões e incêndios florestais, o dobro do registrado entre 2000 e 2009 (59 eventos). Somente em 2018 houve 14 ocorrências, a um custo total de US$ 45 bilhões. Na Europa, chama a atenção o caso de Portugal, onde, após uma temporada anormalmente seca e quente, em 2017, uma série de grandes incêndios deixou mais de cem mortos.


Soluções para as mudanças climáticas são complexas e difíceis e exigem esforços de todos os países, empresas e sociedade global. Mas é preciso agir, sem demora, diante da evidência dramática dos riscos iminentes.


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