Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha constatou que a apoio da população brasileira ao isolamento social para conter a pandemia da Covid-19 vem declinando. No início de abril, 60% dos entrevistados consideravam que as pessoas fora do grupo de risco deveriam continuar em isolamento; no meio do mês, esse percentual caiu para 56% e agora são 52%.
Em contrapartida, cresceu a quantidade dos que apoiam a saída para o trabalho dos não idosos e que não sejam portadores de doenças crônicas, que ao longo do mês aumentou de 37% para 46%.
Os números coincidem com os levantados em Santos pelo IPAT - Instituto de Pesquisas A Tribuna, que apurou, entre 20 e 22 de abril, que 52,5% dos santistas entendiam que a melhor maneira de lidar com a pandemia era isolar todas as pessoas, menos as que trabalham em serviços essenciais (37,8% opinaram que somente deveriam ser isolados os mais velhos e grupos de risco e 6,7% que todos deveriam continuar com sua vida normal).
Enquanto isso, as últimas informações apontam para o aumento do número de casos e de óbitos em todo o país. Na terça-feira, o total de mortos atingiu mais de 5.000 pessoas, superando o registrado na China, com o Brasil ocupando o 9º lugar em quantidade de vítimas fatais no mundo. No Estado de São Paulo, houve salto de 12% no número de mortes entre segunda e terça-feira, totalizando 2.049 vítimas. A cidade de São Paulo registra o maior número de óbitos (1.337), mas a situação também se agravou em outras regiões do estado, incluindo o litoral.
Na Baixada Santista, tinham sido confirmados até quarta 112 mortos, com 1.435 casos confirmados. Santos concentrava quase 50% das vítimas (50 óbitos pela Covid-19), e a ocupação de leitos hospitalares começa a ser pressionada, com 55% deles ocupados com o tratamento da doença, muitos provenientes de outras cidades da região.
Quando se compara a taxa de letalidade (número de mortos em relação ao total da população), é possível ter a dimensão da gravidade do problema na região, e em especial em Santos. Em todo o país, o índice é 2,4 para cada 100.000 habitantes; no Estado de São Paulo, 4,6; no município de São Paulo, 11,2; na Baixada Santista ela atinge 5,8 e em Santos 11,5, superando a capital paulista.
Não há dúvida que o momento exige cautela, prevenção e medidas efetivas para evitar que o contágio cresça, o que pode levar a rede de saúde ao colapso e provocar mortes desnecessárias. O isolamento continua a única maneira efetiva de conter a doença e não pode ser abandonado agora.
Ele traz dificuldades econômicas, mas estudos mostram que, no longo prazo, seus benefícios superam os custos. A conclusão é que, se as medidas de confinamento ficarem menos restritas agora, a retração econômica será ainda mais forte.