Brexit: Sinal verde

Com vitória esmagadora dos conservadores liderados por Boris Johnson nas eleições da Grã Bretanha, há grande probabilidade da saída do país da União Europeia finalmente acontecer

Por: Da Redação  -  14/12/19  -  11:39

A vitória esmagadora dos conservadores liderados pelo primeiro-ministro Boris Johnson nas eleições desta semana na Grã Bretanha não deixa dúvidas quanto ao encaminhamento da saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. Tendo conquistado maioria absoluta na Câmara dos Comuns - faltando apenas uma cadeira a ser definida, os conservadores conquistaram 364 assentos de um total de 650 - ficou claro o recado dado pelo eleitorado, que foi: "Faça-se o Brexit!".


As opiniões contrárias ou favoráveis à nova consulta sobre a questão foram derrotadas. Assim, a maioria formada permitirá a Johnson aprovar rapidamente o acordo renegociado com a União Europeia no Parlamento, permitindo ao Reino Unido deixar o bloco em 31 de janeiro próximo.


Os eleitores britânicos demonstraram um misto de resignação e cansaço quanto ao tema. Desde 2016, quando plebiscito realizado aprovou a saída, embora por pequena margem (52% a 48%), o assunto se arrastava, com idas e vindas no Parlamento, com o fracasso das negociações e tentativas da ex-primeira ministra Theresa May, que acabou levando à sua renúncia ao cargo.


O resultado do pleito demonstra que prevaleceu esse sentimento. Não se trata de apoio incondicional a Boris Johnson, e sim que foi dado a ele a responsabilidade de, finalmente, encerrar a longa e arrastada novela do Brexit. Os desafios serão, porém, grandes: o governo terá de desamarrar uma economia muito integrada à União Europeia, reduzindo os danos imediatos que a saída causará às empresas e à economia britânica.


A seu favor, está um período de transição, no qual o comércio e as demais relações não mudarão imediatamente, havendo um tempo de acomodação, que se desenvolverá durante todo o ano de 2020 (e alguns apostam que se estenderá mais, até 2022), na expectativa de novo acordo definitivo a ser negociado entre o Reino Unido e o bloco europeu.


É certo que o panorama político britânico foi alterado. Os trabalhistas, ao ficar com 203 cadeiras, tiveram seu pior resultado desde 1935. Os liberal democratas, que defendiam nova consulta sobre o Brexit, elegeram apenas 11 deputados (sua líder, Jo Swinson, não se reelegeu, sendo derrotada em seu distrito). A novidade foi a força demonstrada pelo Partido Nacional Escocês, contrário ao Brexit, que conquistou 48 dos 59 assentos em jogo na Escócia.


Jeremy Corbyin, líder do Partido Trabalhista, da ala mais à esquerda, investiu na campanha no combate à desigualdade e na necessidade de mais investimentos nos serviços públicos, acabou derrotado. A hegemonia conservadora foi estabelecida, mas o Brexit teve papel decisivo: os eleitores britânicos, cansados, querem ver a questão resolvida. Resta observar como a economia britânica irá reagir nos próximos meses, fato decisivo para o futuro do novo governo.


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