Alto custo dos planos de saúde

Recessão econômica é um dos principais fatores para baixa adesão de planos

Por: Da Redação  -  21/06/19  -  11:39

Segundo dados do final de 2018, 47,22 milhões de pessoas eram usuárias dos planos de saúde no Brasil. Esse número já foi maior - em dezembro de 2014, eram 50,45 milhões - e a queda registrada nos anos seguintes foi causada pela recessão econômica. Sem emprego, milhares de pessoas perderam o acesso aos planos coletivos empresariais, enquanto outras, pressionadas pela crise, não tiveram condições de continuar pagando planos individuais.


Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou o drama dos reajustes anuais: há sério descompasso entre a taxa de inflação acumulada nos últimos dezoito anos dos planos de saúde individuais e familiares. Ela atingiu 382%, superando muito a inflação medida pelo IPCA, que foi de 208%, e a do setor de saúde, que ficou em 180%.


O pesquisador Carlos Ocké-Reis, um dos autores do estudo, declarou que a sociedade deve discutir o assunto para que os brasileiros não sejam prejudicados com o aumento dos planos de saúde, principalmente porque a maioria do mercado continuaria desprotegida. Assiste razão a ele: a situação exige atenção e cuidado, uma vez que a escalada de preços ameaça pôr em risco o próprio sistema, com prejuízos para usuários, médicos, hospitais e operadoras. No ritmo atual, em pouco tempo milhões de pessoas não terão mais condições de pagar seus planos.


Destaque-se ainda que os planos corporativos, contratados pelas empresas, têm preços livres, e não sujeitos ao controle da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse é um ponto de crítica do Ipea: com a exclusão dos preços dos planos coletivos como base do novo cálculo que foi definido para os reajustes pela ANS, a agência reguladora deixa de monitorar a categoria que conta com o maior número de clientes: 31,7 milhões de pessoas, equivalente a 67% do total de usuários no País.


A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) reconhece que a questão da inflação da saúde é grande desafio para o mercado, mas alega que os reajustes que têm sido concedidos nos últimos anos estão abaixo das variações dos custos médico-hospitalares, com evidente desequilíbrio. AANS contesta os cálculos do Ipea, alegando que são “tecnicamente inadequados”, e não levam em conta o aumento do número de exames mais complexos e no crescimento das internações.


O assunto exige soluções. Mais importante que negar o estudo do Ipea é encontrar caminhos para que os reajustes sejam menores. Nesse sentido, vale destacar que a Amil, a maior operadora do País, vem sendo pressionada por sua controladora, United Health Group, para que a inflação médica, em 2019 na casa de 18,5% caia, até 2025, para o mesmo patamar do IPCA, projetado neste ano em 4,1%. Isso precisa acontecer, sem que a qualidade e o padrão de atendimento sejam comprometidos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter