A urgência do fator social

A Covid-19 tem reflexos no consumo e nos acessos à saúde e educação devido aos óbitos de mães, pais e avós

Por: Da Redação  -  15/04/21  -  09:26

Dificuldades das famílias para garantir a própria alimentação, desemprego acima de 14% e 45 mil órfãos da Covid, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sinalizam que a nova rodada do auxílio emergencial é uma medida muito tímida para socorrer os brasileiros empobrecidos na pandemia. Será necessário realizar uma reformulação dos programas sociais existentes, como o Bolsa Família, e criar outros para estancar o avanço da miséria no País ou atenuar a redução da renda das camadas sociais sob risco mais acentuado.


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Está cada vez mais claro que a recuperação econômica após uma doença tão agressiva, mesmo que contida pela vacinação em algum momento do segundo semestre, não levará imediatamente aos níveis pré-pandêmicos, lembrando que no último bimestre de 2019 a economia quase parava. Nesse contexto, famílias que não perderam renda tendem, por precaução, a resistir a gastar a economia feita nos últimos meses que ficaram trabalhando em casa.


O problema está justamente no lado de quem vive agora com menos recursos, uma população numerosa com força para impactar para baixo os números do varejo, da indústria e dos serviços. Há ainda o papel central dos bancos que, devido ao risco de calote, podem reter o crédito, uma engrenagem fundamental para a economia.


Paralelamente, o País passa agora por uma alta dos juros e da inflação, o que compromete o poder de compra e também a capacidade de se alimentar melhor e gastar com saúde, item essencial dos últimos meses.


Aliás, a piora do quadro social do País está justamente no âmbito da alimentação. Segundo pesquisa das universidades de Brasília (Unb), Federal de Minas Gerais (UFMG) e Livre de Berlim, seis em cada dez domicílios brasileiros estão em algum grau de insegurança alimentar. Essa condição se dá quando em uma residência há incerteza sobre o acesso futuro ao alimento ou já passa por um processo de redução.


A insegurança alimentar é efeito direto do desemprego e da inflação. As mortes pela covid-19 também têm reflexos no consumo e nos acessos à saúde e educação devido aos óbitos de mães, pais e avós, após o sumiço de suas rendas ou mesmo com uma pensão reduzida. Essa queda de qualidade, de forma simultânea, vai abalar o perfil econômico das famílias daqui para os próximos anos e, no final das contas, resultará em um País empobrecido e com novas e urgentes demandas sociais.


A readequação de programas sociais até já foi defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e por economistas importantes que passaram pelos últimos governos. Porém, nada profundo foi feito a respeito, até porque os políticos temem impactos eleitorais negativos ou ataques de rivais. A verdade é que o investimento dos governos no social se tornou essencial para a própria retomada da economia.


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