A segunda onda é grave sim

Se a disseminação da segunda onda não recuar rapidamente, será preciso rever o próximo ano para baixo

Por: Da Redação  -  30/10/20  -  22:13

A lição mais rápida que se tem com a segunda onda da pandemia na Europa é que máscara, higienização com álcool e evitar aglomeração continuam sendo medidas obrigatórias no Brasil. Notícias de que os médicos aprenderam a compreender melhor o comportamento do vírus e que os hospitais agora estão equipados para esse tipo de doença reforçam a sensação de que será mais fácil passar por essa nova fase, caso ela se manifeste por aqui. Porém, é imprudente pensar assim. Ainda não se sabe da letalidade do novo coronavírus nesse momento na Europa, pois a morte do paciente ainda poderá ocorrer até cinco semanas depois do registro do paciente no serviço de saúde. De qualquer forma persistem os riscos aos mais idosos e portadores de comorbidade. A segunda onda também enfraquece a estratégia sugerida por alguns da imunização de rebanho – nos países europeus, o novo coronavírus ainda mantém sua assustadora capacidade de contaminação. Por outro lado, não bloquear a doença poderá exigir lockdowns localizados ou ainda de curta duração, mas que aos poucos vão corroer a economia ou postergar sua recuperação. 


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Portanto, quem mantém o respeito às medidas de contenção do vírus na verdade ajuda a combater a possibilidade de reimplantação de regras mais restritivas ao convívio social. Entretanto, de uma forma imprudente, é facilmente notado no transporte coletivo e nas ruas, inclusive as mais movimentadas, que aumentou o número de pessoas que descuida da própria saúde, prejudicando também seus familiares ao retornar para casa. 


O núcleo familiar é exatamente o fato gerador da segunda onda na Europa. Os mais jovens se ressocializaram até o final do verão no continente, infectaram-se e depois retransmitiram o vírus aos parentes mais velhos. Agora, Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Rússia adotaram medidas de diferentes níveis de restrição, inclusive de toque de recolher em horários específicos até fechamento de bares e restaurantes. 


Entretanto, a França tem números assustadores, principalmente se for considerada a constatação de que a Medicina tem agora respostas mais eficientes. Em 14 dias, a França registrou 421 mil casos, com quase 2,2 mil mortes. Ainda é um dado muito elevado de perdas de vidas. Porém, observando-se os óbitos no Brasil em igual período, foram 6,5 mil mortes. Proporcionalmente à população de cada um dos dois países, os registros são equivalentes, mas se conclui que o Brasil está bem longe de sair de sua primeira onda. 


Em meio à preocupação para salvar vidas, há o segundo impacto grave, que se dá na economia. Como essa segunda onda europeia é mais profunda do que se esperava, é previsível que a atividade econômica por lá sofra algum baque. Se essa disseminação não recuar rapidamente, seus parceiros comerciais – EUA, Brasil, China e Japão – perderão vendas. Enfim, será preciso rever 2021 para baixo. 


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