A questão do clima

Os Estados Unidos comunicaram formalmente à ONU a saída do Acordo de Paris, pacto firmado em 2015 por 195 países para estabelecer metas que consigam amenizar o aquecimento global

Por: Da Redação  -  09/11/19  -  19:04

O cenário não é favorável ao meio ambiente. Os Estados Unidos comunicaram formalmente à ONU a saída do Acordo de Paris, pacto global firmado em 2015 por 195 países para estabelecer metas que consigam manter o aquecimento global abaixo de 2° C, buscando limitá-lo a 1,5o C. Às vésperas do início da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP-25, que acontecerá em Madrid em dezembro, a notícia, embora esperada, causa apreensão, uma vez que os EUA são a maior potência mundial e o segundo maior emissor de gases de efeito-estufa do mundo.


O fato é que as emissões continuam aumentando no planeta, e se isso não mudar muito brevemente, a probabilidade de se evitar a elevação de 1,5o C acima dos níveis pré-industriais será de zero, e muito pequena para impedir o aumento de 2o C. Analistas concordam que, quanto maior a demora em agir, maior será a ação necessária, e chegará um momento em que nada poderá ser feito.


No Brasil, as emissões de gases de efeito-estufa tiveram pequeno aumento de 0,3% em 2018, quando comparadas com o ano anterior. Não é um resultado muito animador: o País, o sétimo maior poluidor do planeta, ainda não tem uma trajetória de consistente de redução de suas emissões.


Em 2018, o Brasil registrou emissões brutas de 1,939 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. Houve aumento nas emissões causadas pelo desmatamento da Amazônia (8,5%), embora com redução no cerrado (10%). No balanço geral sobre as emissões por mudança no uso da terra, que representaram 44% do total no País, houve o crescimento de 3,6% em 2018.


No atual quadro, o Brasil não irá cumprir a meta para 2020 de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, prevista na lei nacional de mudança do clima. Já que a matriz energética nacional baseia-se em fontes renováveis, como as hidrelétricas, os esforços no País devem se concentrar exatamente no combate ao desmatamento. Destaque-se que a emissão per capita brasileira (9,3 toneladas brutas) é maior do que a média mundial (7,2 toneladas brutas) em função da mudança no uso da terra.


A mudança climática exige posições firmes e determinadas de todos os países do mundo. E as políticas públicas adotadas precisam ser eficazes, associando planificação, regulamentação, pesquisa e incentivos; legítimas, garantindo mecanismos de financiamento para as nações mais pobres; e ao mesmo tempo globais, com o envolvimento de todos, notadamente das maiores economias.


Deve haver convergência no uso de ferramentas de políticas públicas, incluindo incentivos de mercado, bem como a fixação de preços sobre o carbono, com os valores arrecadados destinados a indenizar os mais pobres e vulneráveis. A agenda exige, principalmente, compromisso de todos com o clima, de maneira conjunta e compartilhada.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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