Os resultados dos 'arrastões'

A tecnocracia chamou de 'pente fino', mas o colunista prefere definir como 'arrastão', técnica criminosa especialmente contra os mais pobres

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  27/02/20  -  13:20

Primeiro inventaram o “arrastão pericial”, pagando extra para peritos do INSS que examinassem os inválidos convocados. O resultado é absoluta desumanidade: trabalhadores que além de continuarem incapacitados, estão faz muito tempo afastados do trabalho e sem nenhuma requalificação profissional, engrossando o exército da miséria.


Ainda chamando de “pente fino”, a tecnocracia do atual desgoverno inventou o “arrastão analítico”. Enquanto o primeiro consistia em perícias médicas superficiais e absolutamente descoladas de todas a história do trabalhador, a novidade é a análise de benefícios que “poderiam ser irregulares”. Notem que as vítimas da perícia são os incapacitados para o trabalho e da “análise” são os hipossuficientes, em condições de miséria. Quem escolhe os que serão examinados é o tal do algoritmo, e daí a maldade impera.


Importante mostrar que a perversidade é bem classista, são exatamente os mais pobres que recebem benefícios por invalidez ou assistência social. O Poder Judiciário vai receber uma boa leva de ações, mas tem muita gente que simplesmente vai morar na rua, sem qualquer condição de reclamar os seus direitos.


Os “arrastões”, sejam de perícia médica ou de análise técnica (??), simplesmente aumentarão a miséria das ruas e todas as suas consequências.


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