Quem sabe?

“A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.” - Mário Quintana

Por: Dad Squarisi  -  31/05/20  -  12:50

Recado


“A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.” - Mário Quintana


As mesmas palavras. Mas com ordem de colocação diferente. É o caso de “só saia de máscara” e “saia só de máscara”. A diferença? A primeira dá o recado claro: não deixe de usar máscara ao sair. A segunda permite outra leitura. Saia nu, mas use máscara.


Bem-vindo


Ufa! O Congresso aprovou o socorro de R$ 60 bilhões a estados e municípios. Mas o presidente enrolou pra sancioná-lo. Na quinta, finalmente, oba! O governador do Piauí comemorou: “A ajuda é pra lá de bem-vinda”. Nota 10. Bem-vinda se escreve assim – com hífen.


Reprise indigesta


O Rio amanheceu surpreso. Estava nas ruas a Operação Placebo, que apura fraudes em contratos ligados à Saúde. Houve ou não houve mau uso do dinheiro público? Enquanto a resposta não vem, vale a dica. Placebo quer dizer falso medicamento. Ele tem a cara do remédio verdadeiro, mas verdadeiro não é. Quando a doença é psicológica, viva! O enfermo melhora com o faz de conta.


Faz falta?


Greta Thunberg abraçou a causa do meio ambiente. A garota sueca ganhou manchetes em Europa, França e Bahia. Disputou até o Prêmio Nobel da Paz. Ela apareceu na capa de um livro exibindo este cartaz: “Nossa casa está em chamas. Ninguém é pequeno demais para fazer a diferença”.


Alguns sentiram falta do advérbio “não” antes de “fazer”. Ele é necessário? No caso, parece que não. Valem outros exemplos: Ninguém é rico demais para abarcar toda a riqueza do planeta. Ninguém é louco demais para rasgar dinheiro.


Pânico do ministro


O ministro da Educação disse que os togados do STF deveriam ir pra cadeia. O Supremo intimou-o a depor. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Abraham Weintraub tremeu nas bases. O ministro da Justiça o socorreu. Entrou com habeas corpus preventivo pra safar Sua Excelência. O que é isso? É o nome da lei inglesa que garante a liberdade individual. Em bom português quer dizer que tenhas o corpo livre para te apresentares ao tribunal.


História antiga


Em 1215, os nobres ingleses exigiram o controle legal da prisão de qualquer cidadão. Naquele tempo, o juiz decidia de forma sumária sobre a legalidade ou não de prender alguém. Excessos eram pra lá de comuns. Com o habeas corpus, a história mudou de enredo. O advogado pode pedir a liberdade provisória do cliente para ele responder a processo fora da prisão.


Lá e cá


Expressões latinas não têm acento nem hífen. Se aparecer um ou outro, elas perdem a originalidade. Entram no time dos compostos nacionais. É o caso de via crucis e via-crúcis. Habeas corpus abusou. A forma reduzida se naturalizou portuguesa — hábeas.


Leitor pergunta


Não agressão ou não-agressão? - Sandra do Canto, Guarujá


Antes, o não era um rolo só. Ora aparecia seguido de hífen. Ora sem. A reforma ortográfica pôs fim à incerteza. Cassou o tracinho: não agressão, não alinhamento, não fumante, não beligerante, não alinhamento.


Dad Squarisi é Jornalista e escritora


dad.squarisi@gmail.com


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