Dicas de Português: Liberou geral?

Dad Squarisi dá dicas de português e explica o uso dos 'porquês'

Por: Dad Squarisi  -  09/09/20  -  09:36

Recado


“As palavras me escondem semcuidado.” - Manoel de Barros

A pandemia acabou? Nãoooooooo! Mas o povo saiu de casa, lotou bares, invadiu praias, ruas e calçadas. Resultado: o coronavírus faz a festa. Fato similar ocorreu com a mídia. No feriadão, as folgas pediram passagem. Equipes de jornais, rádios, tevês e sites foram reduzidas. Consequência: tropeços deitaram e rolaram.


O porquê dos porquês


Uma das vítimas foi o emprego dos porquês. A confusão ocorre em tempos normais. Ora o porquê aparece junto. Ora separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Em tempos de correria, o quadro se agrava. Muitos chutaram. Mas, como a língua não é loteria, o que pode dar errado dá. Melhor aprender as manhas da caprichosa criatura. Use:


Por que


1. nas perguntas diretas: Por que se comemora o Dia da Pátria? Por que se deve escrever como manda o dicionário? Por que é obrigatório o uso de máscara?


2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual”: Sei por que (a razão pela qual) se comemora o Dia da Pátria. Quero entender por que (a razão pela qual) se deve escrever como manda o dicionário. Explique por que (a razão pela qual) é obrigatório o uso de máscara.


Por quê


A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última — a última mesmo — palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: Comemora-se o Dia da Pátria por quê? Deve-se escrever como manda o dicionário por quê? É obrigatório o uso de máscara. Explique por quê.


Porque


Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: Comemora-se o Dia da Pátria porque é fato marcante da nossa história. Deve-se escrever como manda o dicionário porque pega bem. É obrigatório o uso de máscara para evitar a transmissão do coronavírus.


Porquê


Assim, colado e com chapéu, o porquê se torna substantivo. E, como substantivo, tem plural. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê da necessidade de escrever sem erros. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.


Resumo da ópera


Não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.


A falta


O leitor João Horácio Caramez, de Santos, leu a coluna de domingo. Achou-a incompleta. Escreveu: “A coluna explicou o Hino Nacional passo a passo. Mas focou só na letra. Creio que seria interessante um pouco de história. O autor da música e o autor da letra nunca se viram. Quando um nasceu, o outro já tinha morrido. Antes, o autor da música, Francisco Manuel da Silva (1795 – 1865), colocara a letra de autoria de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, considerada ofensiva pelos portugueses. Muito depois, em concurso público, a letra atual, de Osório Duque Estrada (1870 - 1927), foi a escolhida. Tornou-se a letra oficial do Hino Nacional nas comemorações do centenário da Independência, em 1922”.


Leitor pergunta


Confundo o emprego de seção e sessão. Pode me ajudar? - Carlota Marques, Boa Vista

Seção é a parte de um todo. Quer dizer divisão. No supermercado, há a seção de bebidas, a seção de frutas, a seção de laticínios. Na farmácia, a seção de remédios e a seção de cosméticos. Na loja, a seção de roupas masculinas, a seção de roupas femininas, a seção de roupas infantis.


Sessão é o todo. Dá nome ao tempo que dura uma reunião ou um espetáculo: sessão de cinema, sessão de terapia, sessão da tarde, sessão do Congresso.


Dad Squarisi é Jornalista e escritora
dad.squarisi@gmail.com


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