Dicas de Português: Eterno Retorno

Dad Squarisi dá dicas de português

Por: Dad Squarisi  -  27/12/20  -  13:01

Recado


“Que 2021 seja melhor que 2020: saúde, tolerância e prosperidade.” Dad Squarisi

A cada 12 meses, a história se repete. Um ano acaba e começa outro. Nós não deixamos por menos. Mandamos cartões, e-mails ou torpedos. Alguns preferem votos coletivos. Recorrem ao Twitter ou ao Face Book. Uns e outros têm um denominador comum. Precisam escrever ano-novo assim – com hífen e letras minúsculas.


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Mais do mesmo


A virada do calendário merece mais que ceia, champanhe e roupa nova. Faz jus à grafia nota 10. A francesinha réveillon mantém a forma original. Escreve-se com acento, dois ll e... letra inicial pequenina. Por quê? Apesar da pompa, é substantivo comum.


Brindemos, senhores


Tim-tim, tim-tim, tim-tim. O borbulhante preferido por 10 entre 10 brasileiros recebe o nome da região onde é produzido. Sofisticada, a bebida gosta de tratamento VIP. Uma das bajulações que mais aprecia é o tratamento masculino. Sabe por quê? Ela é vinho sim, senhores -- o (vinho) champanhe: Vamos tomar um champanhe geladinho?


Exclusivo


Sabia? Só existe champanhe francês. Por isso, dizer "champanhe francês" é pleonasmo. Joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, elo de ligação, habitat natural e países do mundo. Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, todo elo é de ligação, todo habitat é natural, todos os países são do mundo. E, claro, todo champanhe é francês. Basta subir e descer. Elo, habitat e países, sozinhos, dão o recado. Champanhe é champanhe. Dispensa a indicação de nacionalidade. Xô!


Italianinho


Toda unanimidade é burra? Nelson Rodrigues jurava que sim. Os fatos lhe dão razão. Os vinhos servem de exemplo. Muitos gostam de champanhe. Mas há quem prefira o espumante italiano. Ele mantém a grafia original. É prosecco.


Deus de duas caras


Por que janeiro se chama janeiro? Janeiro se chama janeiro porque homenageia um deus pra lá de poderoso. É Jano. Ele tem duas caras. Uma olha pra trás. Vê o passado. A outra olha pra frente. Enxerga o futuro.


Quando termina o ano, com uma cara, o senhor do calendário mira dezembro. Despede-se. E fecha a porta do ano velho. Com a outra, observa o ano que chega. Abre a porta e deixa-o entrar. Viva! Que traga sorte.


Sem pedigree


Olho vivo, marinheiro de poucas viagens. Eles são 12. Repetem-se ano após ano. Uns têm 30 dias. Outros, 31. Só um se conforma com 28. De quatro em quatro anos, ganha um de presente. Fica com 29. Apesar das diferenças de tamanho, os meses têm um denominador comum. Escrevem-se com a letra inicial mixuruuuuuuuuuuuuuca: janeiro, fevereiro, março, abril, maio.


Vira-vira


As palavras são vira-casacas. Mudam de classe como mudamos de camiseta. Vale o exemplo do substantivo. Nome próprio vira comum sem cerimônia. É o caso de João, Maria, Pará, Brasil. Eles perdem o pedigree em joão-de-barro, banho-maria, castanha-do-pará, pau-brasil. Nome comum também vira próprio. O mês, em datas comemorativas, ganha nobreza. Grafa-se com a inicial grandoooooooooona: o 7 de Setembro, o 1º de Maio.


Criador e criatura


Veja só. Papai Noel é o bom velhinho que dá presentes pra meninada. Ele é tão importante no imaginário infantil que deu filhote. É papai-noel. Com hífen e letras minúsculas, quer dizer lembrancinhas de Natal: Ainda não comprei seu papai-noel. É que quero escolher um pra lá de legal. Você merece.


Leitor pergunta


Como escrever 2021 – com ponto ou sem ponto? - Adailton Nogueira, Porto Alegre


Ao escrever os números, usamos ponto a cada três algarismos – 1.426, 12.122, 3.342.600. Mas, ao indicar o ano, a história muda de enredo. Vem tudo coladinho. Assim: Ele nasceu em 1946. Trabalha em São Paulo desde 2000. Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Em 2021, teremos vacina contra o coronavírus.


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