Resultado de testagem parcial na Baixada Santista

A primeira fase do estudo epidemiológico apontou que 98% dos moradores da Baixada Santista ainda não foram infectados pela Covid-19

Por: Caio França  -  06/05/20  -  12:06
Ação da prefeitura vai acontecer neste final de semana no Centro e Área Continental de Santos
Ação da prefeitura vai acontecer neste final de semana no Centro e Área Continental de Santos   Foto: Eduardo Valente/FramePhoto/Estadão Conteúdo

Nem todos têm a habilidade de interpretar números e estatísticas. No entanto, tais dados constituem informações essenciais para as tomadas de decisão e elaboração de estratégias. Para saber se as medidas adotadas pelos prefeitos dos nove municípios da Baixada Santista estão atingindo os resultados pretendidos, o Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista) e as universidades da região, reunidas por meio do Parque Tecnológico de Santos, foram a campo para realizar uma testagem amostral com o intuito de mapear, em cada município, a incidência do novo coronavírus na população da Baixada Santista. A primeira etapa foi divulgada na última segunda-feira (4) e provou que o sinal amarelo deve permanecer aceso por aqui.


O estado de alerta se deve ao seguinte fato: a primeira fase do estudo epidemiológico apontou que 98% dos moradores da Baixada Santista ainda não foram infectados pela Covid-19, que acomete 1,41% da população. Deste modo, a maior parte da população ainda não possui anticorpos contra a doença, ou seja, está sujeita a contraí-la. Dos 2.342 exames realizados de forma aleatória nas nove cidades, 33 testaram positivo. O estudo continua para acompanhar a evolução, ou regressão, dos casos, com outras três testagens realizadas a cada quinze dias. O resultado final será apresentado em junho.


O cenário é preocupante e os dados de ‘baixo contágio’ surpreendem ao analisarmos a crescente demanda por leitos de UTI na Baixada Santista, com uma taxa de 80% de ocupação. Segundo o levantamento desta primeira etapa da pesquisa, o vírus, considerado de alta transmissibilidade, no período de 29 de abril a 1º de maio, ainda não se disseminou de maneira expressiva na Baixada Santista, resultado que podemos atribuir às medidas eficazes de isolamento e distanciamento social aplicadas no momento correto.


Por outro lado, mesmo com todas as medidas de contenção e prevenção, já estamos muito perto do limite da nossa capacidade de atendimento em leitos de UTI. Dessa forma, precisamos de cautela redobrada na adoção de medidas de relaxamento e flexibilização para a reabertura de comércios e serviços em geral. Em especial porque de acordo com recente apontamento do Ministério da Saúde, de acordo com a curva de evolução da doença no País, a primeira semana de junho é projetada como de maior incidência. 


Dessa forma, mais um motivo para que a retomada seja gradativa, bem planejada e monitorada, com protocolos de distanciamento e muita fiscalização pelo Poder Executivo de cada cidade. Além disso, devemos reiterar nosso pedido de apoio ao Governo Federal e Estadual para ampliar a nossa retaguarda hospitalar. A contaminação em massa, de maneira desenfreada, poderá nos levar ao colapso no sistema de saúde público metropolitano.


Neste estágio, a população da Baixada Santista merece reconhecimento pelo esforço e nível de conscientização e comprometimento, refletidos nos dados iniciais dos exames, que demonstram grande senso de coletividade, empatia e preocupação com o próximo. Claro que existem as exceções, mas de forma geral, o cidadão metropolitano deu exemplo. Mas ainda não é hora de abaixar a guarda. Precisamos seguir firmes, com coragem, fazendo a nossa parte e atendendo as orientações do Poder Público para juntos vencermos rapidamente essa pandemia.


Na próxima quinta-feira (7), farei uma live com o infectologista Marcos Caseiro, coordenador do estudo epidemiológico para detalharmos mais informações desta pesquisa e levarmos ao conhecimento de toda a população da Baixada Santista. Você pode acompanhar a transmissão por meio do Instagram @caiofranca_.


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