O professor e o desafio de formar para a vida

Este ano de 2019 tem sido de muita reflexão, preparação e formação para os professores que atuam na Educação Básica de todo o país

Por: Caio França  -  16/10/19  -  11:00
O professor e o desafio de formar para a vida
O professor e o desafio de formar para a vida   Foto: Imagem ilustrativa/Tra Nguyen/Unsplash

Ontem, 15 de outubro, celebramos o Dia do Professor. Cresci tendo o privilégio de conviver com uma mãe educadora, extremamente vocacionada, comprometida e apaixonada pela profissão. Uma paixão que arregimentou seguidores, tocou o coração da minha irmã e inspirou minha esposa, fazendo com que hoje, juntas, desenvolvam essa desafiadora e encantadora arte de educar. Em nome da minha mãe, professora Lucia França, da minha irmã Helena e da esposa Fernanda, estendo os cumprimentos a todos os educadores que acreditam na força transformadora da educação.


Este ano de 2019 tem sido de muita reflexão, preparação e formação para os professores que atuam na Educação Básica de todo o país. É que em 2020 passa a vigorar em todas as escolas das redes municipais, estaduais e particulares de ensino, os novos currículos, construídos a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada pelo Ministério da Educação em dezembro de 2017 (Educação Infantil e Ensino Fundamental). A parte referente ao Ensino Médio foi homologada em 2018, portanto, deve começar a valer somente em 2021.


Dessa forma, pela primeira vez, o Brasil passará a ter um referencial nacional obrigatório, com caráter de política de Estado (e não de governo). O documento técnico define o que os estudantes têm direito de aprender e desenvolver nas escolas. A finalidade é garantir equidade e qualidade, ou seja, onde quer que o aluno estude, seja no ensino público ou privado, o currículo deverá ser elaborado a partir dos conhecimentos, habilidades e competências previstos na BNCC.


A Base representa um avanço para a educação brasileira e está assegurada pela Constituição de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diretrizes Curriculares Nacionais e mais recentemente pelo Plano Nacional de Educação, de 2014. Não é a solução para todos os problemas educacionais, mas uma conquista importante para a redução das desigualdades.


A adequação das escolas à nova base está ocorrendo ao longo dos últimos dois anos, e a implementação passa pela reelaboração dos currículos, revisão de materiais didáticos, alinhamento de avaliações externas e formação continuada de professores. 


Aliás, o investimento na formação continuada de professores é o principal fator neste processo de mudanças e reformulações. Em tempos de intolerância, é chegada a hora de pensar sobre qual sociedade estamos formando para as próximas gerações, e isto vai muito além de transmitir conteúdos.


Precisamos falar sobre a formação humana global do estudante. E neste contexto, o professor exerce papel fundamental ao lado da família. Pensando nisso, o capítulo introdutório da BNCC define um conjunto de 10 competências gerais que devem ser desenvolvidas de forma integrada aos componentes curriculares, com aplicação nas práticas diárias em sala de aula e nos projetos pedagógicos.


Não importa a forma, os professores precisarão abordar conhecimento, pensamento científico, crítico e criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, trabalho e projeto de vida, argumentação, autoconhecimento e autocuidado, empatia e cooperação e responsabilidade e cidadania. São 10 pilares essenciais que visam à formação de seres humanos mais equilibrados em suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural.


Aproveito para relembrar avanços importantes no que compete à valorização dos professores que ajudamos a efetivar no ano passado, com o então governador Márcio França para a rede estadual: contagem para aposentadoria dos professores em licença médica, aposentadoria especial para professores readaptados e redução da “duzentena” dos professores contratados (categoria “O”).
Tenho convicção de que uma sociedade mais solidária, inclusiva, cidadã, sustentável, justa, democrática, ética passa necessariamente pela compreensão, aceitação, assimilação e incorporação dessas competências para a vida. E que seja o início de um novo tempo para a educação brasileira.


Como diria o educador e filósofo Paulo Freire, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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