Papa Francisco tem a minha admiração

Uma mudança histórica, emblemática, significativa, sinal dos tempos e do reconhecimento de que a sociedade mudou

Por: Arminda Augusto  -  20/12/23  -  06:22
  Foto: Pixabay

Uma mudança histórica, emblemática, significativa, sinal dos tempos e do reconhecimento de que a sociedade mudou, e muda todos os dias. O Papa Francisco formalizou esta semana a permissão para que sacerdotes abençoem casais do mesmo sexo. Diz o Vaticano que "pessoas que procuram o amor e a misericórdia de Deus não devem ser sujeitas a análise moral exaustiva para receber uma bênção". A única orientação que se pede é que o rito da bênção não seja confundido com o sacramento do casamento, este sim, um dos sete previstos na doutrina católica.


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Importante dizer que há duas décadas não se fazia qualquer declaração que modificasse a doutrina da fé, e que a sugestão de autorizar a bênção a casais do mesmo sexo é, sim, uma abertura da Igreja Católica ao acolhimento de parcela da sociedade que se sentia excluída das regras conservadoras e até certo ponto retrógradas, concebidas em um tempo em que as famílias tradicionais precisavam ter o desenho formal do casal homem e mulher.


Papa Francisco, que acaba de completar 87 anos e tem uma década de pontificado, vem deixando seu nome escrito na história, e não só do catolicismo, mas do conceito maior sobre o que é a igreja. Pouco depois de assumir, em entrevista a jornais do Vaticano, disse estar incomodado com a exclusão de pessoas homossexuais da Igreja Católica. Mais que isso: que se Cristo acolheu a todos durante sua caminhada por este mundo, quem seríamos nós para excluir este ou aquele? "Se uma pessoa é de tendência homossexual e acredita e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?". Existe pensamento mais lógico e sensato do que esse?


Imagino o que devem sentir os casais homossexuais, que alimentam sua fé em Deus e têm a Igreja Católica como norte nessa caminhada, ao não receberem a bênção de um padre, sendo esse o representante de Deus nas paróquias e atividades cotidianas.


Papa Francisco dá um passo importante no resgate de fieis que, ao longo dos anos, foram se afastando por não se sentirem representados em função de dogmas e doutrinas que já não conversam com a sociedade contemporânea. Há três décadas, quando meus filhos nasceram, precisei fazer uma peregrinação exaustiva por várias igrejas aqui de Santos em busca de um padre que aceitasse batizá-los. A justificativa era simples assim: "você se juntou ao seu companheiro e não fez questão do casamento, então, por que faz questão do batizado?". Padre Javier, da Igreja do Carmo, na Ponta da Praia, acolheu meu pedido e batizou primeiro a filha e, dois anos depois, o filho. Obrigada, padre Javier!


Já faz tempo que o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo existe. Primeiro, de forma comedida e apenas dentro dos lares. Agora, os casais são livres e podem expressar seu amor e parceria de forma mais aberta e autêntica. O amor não pode ser pecado jamais, e que bom que agora o Vaticano reconhece. Como disse Milton Nascimento, "Qualquer maneira de amor vale a pena. Qualquer maneira de amor vale amar"


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