Por que as crianças estão estressadas?

Chamo a atenção do leitor para a grande incidência de stress na população infantil

Por: Ângela Cotrofe  -  03/06/19  -  21:13
Atualizado em 03/06/19 - 21:23
  Foto: Agência Brasil

Chamo a atenção do leitor para a grande incidência de stress na população infantil.


A sociedade evolui constantemente, principalmente nas áreas de tecnologia e da comunicação.


Podemos admirar uma posição de país emergente no cenário mundial, por outro lado, esse desenvolvimento é almejado e admirado, por outro, transforma-se em um valor ambiental de grande relevância no crescente aumento das taxas de stress verificado na população.


A velocidade de transmissão da informação é fator de ansiedade que influenciam negativamente no desempenho em diversos tipos de tarefas do dia a dia, gerando um impacto em ambiente favorável ao stress infantil.


A realidade da estrutura familiar moderna leva à diminuição do tempo de interação entre pais e filhos, ao mesmo que conduz os pais para um sistema de auto-cobrança e, paralelamente, de cobrança excessiva da criança.


É como se os pais procurassem recompensar o tempo gasto fora de casa com uma maior intensidade criada em torno de expectativas de grandes resultados.


Se, algumas décadas atrás, a criança iniciava sua escolarização por volta dos sete anos de idade, hoje, o contato da criança com o meio externo ocorre muito mais precocemente, por intermédio de creche e escola de educação infantil.


Devemos considerar que esse novo sistema trouxe inúmeras contribuições pedagógicas para as crianças e desenvolve as habilidades de forma mais produtiva, devido à qualidade do estímulo que esses ambientes pedagógicos proporcionam.


Contudo, essa precocidade pode redundar, algumas vezes, por desvios pedagógicos, e familiares os quais podem se transformar em geradores de stress infantil.


Grande parcela da população atual é formada de mães que trabalham fora. Essas mães tendem a cobrar de seus filhos carinho, desempenho e bom comportamento com mais intensidade e com menos naturalidade, desencadeando inconscientemente mais stress.


Observo a partir de queixas frequentes das mães nos meus atendimentos, como o estresse acomete mais as crianças que passam a maior parte de suas vidas desenvolvendo atividades, inclusive as brincadeiras infantis em ambiente internos.


Ao passo que as mães, cujo filho costuma brincar ao ar livre, em locais como praia, em contato com a natureza, raramente relatam quadro de estresse nos seus filhos.


Na minha atividade diária como neuropsicopedagoga, principalmente quando envolvida com atendimento infantil, observo outras situações de stress que são ainda mais graves, como as de crianças submetidas a tratamentos médicos que demanda procedimentos invasivos por vezes dolorosos, internações, que as afastam de seu ambiente familiar. Essas crianças desenvolvem alto grau de ansiedade e estresse.


Peço ao leitor que esteja alerta para o fato ambiental como gerador de stress, fato cada vez mais presente na vida moderna.


Essa atenção constante permitirá identificar os sintomas iniciais de stress infantil, os quais, caso detectados precocemente, poderão evitar problemas na esfera somática dos seus filhos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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