O que esperar da Saúde de Santos em 2020?

Em bate-bapo, secretário da Saúde do município, Fábio Ferraz, fala sobre expectativa e melhorias do sistema na cidade

Por: Alexandre Catena Volpe  -  29/01/20  -  13:25
Atualizado em 29/01/20 - 13:57
Central de Agendamentos da Saúde de Santos terá nova empresa
Central de Agendamentos da Saúde de Santos terá nova empresa   Foto: Fernanda Luz/Arquivo/AT

Como um futuro profissional de saúde, acho de extrema relevância saber do que esperar da saúde pública nos próximos anos, pois é uma área crítica no nosso país, com diversos problemas e com cada vez mais usuários na rede pública. Importante destacar que, segundo a ANS, nos últimos três anos, 3,1 milhões de brasileiros migraram dos planos de saúde para o sistema público de saúde. Sistema este que sempre foi sobrecarregado.


Mas, e a cidade de Santos? O que esperar da saúde da cidade que ostenta o 5º lugar no ranking de qualidade de vida dos munícipios brasileiros? Para discutir sobre o assunto, tive um bate-papo com o secretário de saúde de Santos, Fábio Ferraz.


Fábio Ferraz – Fazendo uma análise bem rápida só para contextualizar o que está se programando em 2020, nós conseguimos, nos últimos anos, avançar bastante nos principais pilares aqui da secretaria e da saúde pública municipal. O primeiro e principal pilar é, sem dúvida nenhuma, a atenção primária, porque é nela que vamos falar mais de saúde. Ou seja, as policlínicas. Nós temos hoje 31 policlínicas na cidade e tivemos a reestruturação de 11 delas. O que percebemos é que a rede de atenção básica está bastante consistente, com superação de desafios importantes. Por exemplo, a marcação inicial de uma consulta na atenção básica hoje, em média na cidade, já está girando em 21 dias, o que é algo bastante satisfatório. Já um exame de sangue (hemograma), típico da atenção primária, temos um prestador externo chamado AFIP, e com isso nós temos hoje, em média, de 4 até 11 dias de espera, e em algumas unidades é imediato.


Então, o que que eu digo é que hoje a atenção básica já está muito bem estruturada e, claro sempre, com algo para melhorar. Principalmente, ainda, temos um desafio do equacionamento total da cesta de medicamentos fornecidos para a população. Eventualmente, temos algum medicamento que está em falta por um problema operacional. Importante destacar que a atenção básica ainda funciona 100% no modelo classe, que é o modelo onde todas as compras são através de processo licitatório, sem exceção, e todos os colaboradores são oriundos de concurso público. Então, é o modelo que sempre traz algum tipo de burocracia no dia a dia. Mas, de forma geral, a atenção básica está muito bem.


Inauguramos, no último dia 27, a nova Policlínica da Areia Branca. Mais uma policlínica no padrão novo e teremos a Policlínica Jabaquara, que será entregue no mês de abril.


Conseguimos dar um salto muito grande, o que de certa forma, é para toda a rede, mas eu acho que 2019 a característica principal foi a informatização. Hoje, os 72 prédios da secretaria de saúde de Santos tem um único sistema e temos condição de conhecer toda a lógica de um paciente em poucos segundos. Tudo funcionando no mesmo prontuário, uma entrega importantíssima no ano 2019. Na atenção terciária (atenção pré-hospitalar e hospitalar) tivemos avanços importantíssimos. Assim eu ainda declaro que é uma área mais sensível, que é a área de emergência, pois quando atenção primária e a secundária não funcionam, vamos para a terciária. Mas acredito que a gente conseguiu consagrar várias novas estruturas e hoje ela funciona bem na cidade.


As 2 UPAS mudaram totalmente a lógica, mas o que percebemos, inclusive com matéria recente da A Tribuna, a critica que população faz é no tempo de resposta para atendimento inicial. Não tem forma significativa de outra reclamação. Claro existem reclamações, por exemplo, de uma pessoa que foi rude, ou um mau encaminhamento dado isoladamente por um profissional que, às vezes, não fez o atendimento correto. Mas, de forma estrutural, não existe outra reclamação. O que há 3 anos era constante e tínhamos dificuldades no preenchimento total das escalas dos profissionais de saúde (médicos , enfermeiros, técnicos de enfermagem). Faltavam insumos e determinados medicamentos nos prontos socorros, não tinha ambiente climatizado, às vezes, nem cadeira para aguardar. Isso é um fato do passado e tenho convicção que, com a nova UPA da Zona Leste, que iniciará as atividades em abril, vamos resolver esse problema do tempo de forma definitiva.


Temos também um hospital de retaguarda, o Hospital dos Estivadores, com 151 leitos funcionando e reconhecimento a nível nacional, que trabalha na média e baixa complexidade com excelência em diversos campos. São 17 leitos UTI adulto, 4 salas cirúrgicas de toda ordem, na média e baixa complexidade, com especialidades importantes como a endometriose, e mais recentemente, as cirurgias vasculares. No dia 28, entregamos o tomógrafo. É a primeira vez na história da cidade que teremos um tomógrafo público municipal. Nós sempre contamos com o tomógrafo da Santa Casa de Santos, que tem uma parceria sensacional com a prefeitura, mas é uma instituição privada.


O foco para 2020, que eu estou muito animado, é o novo prédio do AMBESP (Ambulatório de Especialidades), pois o antigo não estava em condições adequadas. A boa noticia é que o prédio era locado, então, com uma boa negociação com a Fundação Lusíadas, ela construiu um prédio novo que é fantástico. São 4 mil metros quadrados, 37 consultórios, mini centro cirúrgico, espaço exclusivo para farmácia, além de um visual lindo, disponibilizando esse prédio para a prefeitura por 50 anos.


Mas, além da nova estrutura, conseguimos outra conquista para o novo AMBESP. Ele vai deixar de funcionar das 7 às 17 horas e vai passar a funcionar das 8 às 20 horas. Teremos um ganho de consulta à tarde, no final do dia, e essas consultas vão acontecer pelo novo modelo de gestão, como funciona no AME. Além, também, do funcionamento aos sábados. Estamos seguros do êxito devido ao contrato que será realizado com a gestora ganhadora, baseado no edital. Este ano de 2020, sem dúvidas, será o ano da virada no atendimento nas especialidades médicas, com avanços significativos nos encaminhamentos.


Para concluir, estabelecemos o Programa Meta 30, onde o paciente em, no máximo 30 dias do pedido médico, vai realizar seu procedimento, exame ou até mesmo uma própria consulta. Obviamente, na responsabilidade do município. Na baixa e média complexidades. Hoje temos 142 tipos de exames, sendo que 73% são realizados em 30 dias. Ainda temos o desafio de conseguir colocar os outros 27% na meta. Com o novo AMBESP e outras parcerias no âmbito privado, acredito que vamos conseguir. Essas parcerias nas redes privadas nos auxiliam muito. Um exemplo é que conseguimos zerar a fila da cirurgia da catarata.


Não posso terminar esse bate papo sem mencionar a Clínica Escola dos Autistas, que vai ser um novo método a ser aplicado, com uma dinâmica muito positiva, que será referência no Brasil. Um instrumento importante da área das especialidades.


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