Pandemia pode chegar 'no fundo do poço' no litoral de SP na 1ª semana de Abril, diz infectologista

De acordo com Marcos Caseiro, lockdown poderá ser necessário até a metade de abril

Por: Alexandre Lopes  -  26/03/21  -  13:49
Dr. Marcos Caseiro diz que situação ainda vai piorar bastante na Baixada Santista nos próximos dias
Dr. Marcos Caseiro diz que situação ainda vai piorar bastante na Baixada Santista nos próximos dias   Foto: Danilo Santos / G1

Gravei, nesta sexta-feira (26), um podcast, para o G1, com o infectologista Marcos Caseiro. Foram mais de 17 minutos de um bate-papo que, apesar de extremamente esclarecedor, traz pontos extremamente preocupantes. Enquanto muitos acreditam que a nossa situação não pode piorar, Caseiro se posiciona de uma forma bastante diferente. De acordo com ele, ainda não chegamos no fundo do poço mas, em breve, estaremos lá. Além disso, segundo o infectologista, considerado um dos principais do ramo no País, o lockdown de duas semanas pode ser insuficiente.


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"Eu posso afirmar e espero estar errado. Nós não chegamos no fundo poço. O fundo ainda é um pouco mais abaixo. Nós teremos o pico dessa pandemia no final de março e, talvez, a primeira semana de abril. O que estamos vivendo hoje é reflexo de contaminações que aconteceram 14 dias atrás. As pessoas se internam duas semanas após infecção. Ainda que tenhamos decretado lockdown, a situação deve piorar nessas duas próximas semanas. Eu não tenho dúvidas", disse Caseiro ao Baixada em Pauta.


A situação de Santos, no momento, é desesperadora. Na última quinta-feira (25), quando foi divulgado o mais recente 'Boletim do Coronavírus', os números chocaram. Em apenas 24 horas, 31 pessoas deram entrada nas UTI's da cidade. Atualmente, a taxa de ocupação dos 375 leitos de UTI está em 90% (83% no SUS e 97% na Rede Privada). Ou seja: a cada 10 leitos, nove estão ocupados. E a situação tende a piorar nas próximas horas.


"As pessoas que pagam plano de saúde tem direito e tem que exigir um bom atendimento. A questão é que, hoje, existem filas para intubar. Existem pacientes particulares aguardando vagas no SUS. Já tivemos transferências de pacientes para o SUS. Isso reforça a necessidade do Sistema Único de Saúde ser uma prioridade. Temos que oferecer tratamento precoce que não é a cloroquina, que não é a ivermectina. E sim os anticoagulantes e corticóides. A gente sabe o que fazer e, juntos com a população, iremos vencer essa grave situação sanitária que nós passamos na Baixada Santista", afirma.


A Baixada Santista entrou em lockdown na última terça-feira (23) e, segundo o decreto, a situação deve ser a mesma até até o dia 4 de Abril. Ontem, o prefeito Rogério Santos (PSDB) desabafou nas redes sociais e afirmou que Santos 'está perdendo a guerra' contra a doença. Nas últimas 24 horas, por exemplo, foram 38 mortes na Baixada Santista. Para Caseiro, esse lockdown, muito provavelmente, será insuficiente. Para resolver a situação, a medida deve durar pelo menos mais duas semanas.


"Eu acho que, sinceramente, que não iremos conseguir diminuir as internações, de forma efetiva, com duas semanas de lockdown. Essas infecções ainda refletem os dados de 14 dias atrás. Esse lockdown vai se refletir, provavelmente, daqui a 20 dias ou um pouco mais. Eu praticamente diria que é quase certo que nós tenhamos que seguir com um pouco mais de período fechado. A Alemanha decretou e estendeu. Eu não acho que, até o começo de abril, nós consigamos sair desse momento critico. Certamente precisaremos de um período de lockdown de uma semana ou duas a mais", diz.


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