Dois projetos santistas que envolvem esportes com remo direcionados a mulheres em processo de recuperação do câncer de mama, o Ka.Ora e o Nina Rosa Dragon Boat, voltam a ganhar destaque neste mês de outubro. O primeiro e mais antigo deles, é realizado desde 2016 por Fábio Paiva. “Por meio desse projeto, a gente pode mostrar que existe vida após o câncer”, conta o idealizador do Ka.Ora.
A ideia, segundo Paiva, surgiu quando foi descoberto que as mulheres que tiveram câncer de mama podiam realizar exercícios com os membros superiores do corpo. Atualmente, o projeto conta com 25 alunas que fazem atividades como remo, ginástica, ioga, dança e fisioterapia.
Tudo é feito de forma gratuita e com a supervisão de 16 professores, divididos em grupos multidisciplinares. “As mulheres que já tiveram câncer de mama estão sempre em tratamento. Nosso trabalho é fazê-las remar na recuperação”, explica Paiva. Além disso, as alunas também contam com a avaliação de fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.
O idealizador diz que o objetivo da campanha é alertar as mulheres que passam pelo processo de aceitação ao descobrirem que estão com câncer de mama e acreditarem que é possível viver normalmente. “Para a gente, Outubro Rosa é o ano inteiro”.
A aposentada Denise Gonçalves Pampolini, de 64 anos, diz que o Ka.Ora foi “um momento de encontro com a vida”. “Ali você está com a natureza, está cuidando de sua saúde física, da sua mente. É algo muito completo”.
Denise foi diagnosticada com câncer de mama há dez anos. Ela conta que fez mastectomia bilateral e oito sessões de quimioterapia, com intervalos de 21 dias. Ao final do tratamento, veio a recomendação da oncologista de praticar exercícios físicos.
O Nina Rosa Dragon Boat é outra iniciativa desenvolvida para ajudar mulheres que já tiveram câncer de mama. Cláudia Barbieri, empreendedora na área da educação bilíngue, iniciou o projeto de remo - esporte que ela sempre gostou de praticar - voltado especificamente para as mulheres. “Só aceitamos as que tiveram câncer de mama, para que elas não desenvolvam o linfedema (inchaço causado por obstrução do sistema linfático)”.
Em 2019, em uma viagem à Bahia, Cláudia comprou cinco dragon boats (tipo de embarcação a remo originária da Ásia) com a ideia de tornar realidade o Nina Rosa Dragon Boat. Atualmente, 32 mulheres participam do projeto, que é gratuito.
Ela destaca a importância da realização dos exames mamários para a identificação do câncer. Em 2004, foi diagnosticada com câncer de mama. Em 2015, passou por mastectomia completa em ambas as mamas. “Façam o autoexame o ano todo, não somente em outubro. Vivam intensamente e façam valer a pena”, deixa como lição.
* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão do professor Eduardo Cavalcanti e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.