O crescimento de índices de roubos e furtos de aparelhos celulares no Estado de São Paulo tem refletido na contratação de seguros especializados. A demanda este ano cresceu cerca de 14% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a corretora Michelle Alves do Santos. O aumento seria uma consequência da flexibilização das medidas de isolamento, já que as pessoas estão retomando suas atividades nas ruas.
Dados divulgados em agosto passado, pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, apontam aumento de 10,3% no número de roubos em relação ao mês anterior, quando haviam sido registradas 19.146 ocorrências. Segundo as estatísticas, também houve crescimento em relação ao ano anterior: 17.357 roubos tinham sido registrados em julho de 2020, no Estado. A secretaria também aponta crescimento em relação ao índice de furtos de celulares. Em julho de 2020, houve registro de 31.042 casos, enquanto este ano, o número de casos subiu para 39.013, um aumento de 25,6%.
A corretora Wanessa Alves afirma que o seguro mais procurado é para subtração, que engloba roubo qualificado e arrombamento. Ela explica que o plano vai de acordo com a escolha do cliente, mas as coberturas disponíveis são de subtração de bem, danos físicos e danos elétricos ou por água. Ela também explica que os valores pagos pelo serviço dependem do perfil do cliente, como idade, profissão e renda, assim como o modelo do aparelho a ser segurado.
O coordenador de operações Alexandre Lima diz que não tem como sair tranquilo de casa com o aparelho. “O valor do investimento faz com que se tenha medo de ser roubado”. Lima tem um Samsung Galaxy Note 20, que custa R$ 4.449,00 no site da marca, e o seguro contratado custou R$ 720,00.
Para ele, é essencial ter o serviço, pois os smartphones deixaram de ter função de celular para serem computadores de mão, e por serem uma ferramenta de trabalho, o usuário fica 24 horas com o aparelho.
Já o engenheiro civil Vitor Salgado não considera essencial ter seguro, mesmo com o índice de roubos e furtos aumentando. Salgado, que tem um iPhone 11, que custa R$ 5.499,00 no site da Apple, afirma que, mesmo com um aparelho caro em mãos, consegue sair “tranquilamente” de casa. Ele não dispõe de seguro e avalia que pelo preço não vale a pena contratar o serviço.
“Na época que orcei, achei os valores caros. O retorno, caso seja roubado, também não é atrativo, já que pagavam valores com base em valor de celular usado. Não achei que valia mais a pena do que o risco de ter que arcar com um aparelho novo”. Segundo a cotação que fez numa seguradora, ele pagaria R$ 88,00 por mês, e o valor da cobertura seria de R$ 4.140,00.
Uma publicação especializada divulgou uma lista recente dos smartphones mais vendidos, e o iPhone 11 liderou o ranking. Na sequência, vem o Galaxy S20, que custa R$ 2.519,00 no site da Samsung. No caso do S20, o plano completo de seguro para esse aparelho custaria, em média, R$ 800,00.
A corretora Michelle Alves do Santos ressalva, no entanto, que apesar do valor médio calculado, o preço varia bastante, já que é levado em conta fabricante, modelo e quem será o usuário. Geralmente, segundo ela, o seguro custa em torno de 9 a 14% do valor da nota do aparelho.
De acordo com pesquisa publicada pelo Mobile Time, de 2.177 brasileiros que utilizam smartphones, 35% já tiveram o aparelho roubado ou furtado. Desse total, apenas 14% tinham seguro contra roubo ou furto do último celular que perderam.
Neste trimestre, a Apple lança seu novo smartphone, o iPhone 13 Pro Max, que se tornará o celular mais caro no Brasil. O preço sugerido o varejo é de R$ 15.999,00, equivalente a 14,5 salários mínimos. O lançamento, de acordo com Wanessa, deve impulsionar a procura por seguro no final do ano. Já Michelle afirma que o mês de setembro é sempre o que registra maior movimento na busca por seguros especializados, devido às atualizações de modelos da marca.
Na iPlace, maior revendedora autorizada da Apple no País, ainda é oferecido seguro da própria marca, mas há um encaminhamento para outra seguradora, caso o cliente queira. Já a Samsung dispõe de um serviço de seguro próprio, disponibilizado no site Samsung Care+. No site da marca, o produto mais caro é o Galaxy Z Fold2 5G Mystic Black, que custa R$ 8.999,00. Neste caso, a proteção completa fica em torno de R$ 3.900,00 para o aparelho celular no período de um ano.
* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão dos professores Lidiane Diniz e Eduardo Cavalcanti e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.